Coreia do Sul treina time para eliminar Kim Jong-un.
Com tropa de elite treinada para matar Kim Jong-un, Seul quer pelo menos assustar ditador
Na última vez em que a Coreia do Sul tramou para matar o líder norte-coreano, tudo deu errado. No fim dos anos 60, após um ataque de tropas de elite comunistas ao palácio presidencial sul-coreano, Seul decidiu enviar um grupo de expresidiários treinados para invadir o vizinho e cortar a garganta de Kim Il-sung.
A missão foi abortada e os comandados se rebelaram. Mataram seus treinadores e voltaram para Seul, com o objetivo de cometer um ataque suicida, em um episódio abafado pelo governo local.
Com o neto de Kim à frente do programa nuclear da Coreia do Norte, Seul mais uma vez analisa a possibilidade de tentar matar o líder o país vizinho. Um dia depois do último teste nuclear norte-coreano, o ministro da Defesa, Song Youngmoo, disse a deputados que uma tropa de elite chamada de “unidade de decapitação” será criada até o fim do ano.
Conhecida como Spartan 3000, a unidade não seria responsável por, de fato, cortar a cabeça de Kim Jong-un, mas representa uma ameaça ao Norte. Segundo o ministro, o time pode conduzir patrulhas noturnas do outro lado da fronteira e realizar operações em sigilo. A Coreia do Norte mantém artilharia e rampas de foguetes perto da fronteira, e é capaz de enviar 5.200 deles a Seul nos 10 primeiros minutos de guerra, dizem planejadores militares da Coreia do Sul.
É incomum um governo anunciar um plano para matar um chefe de Estado, mas a Coreia do Sul precisa de um elemento de dissuasão contra o crescente arsenal nuclear do vizinho, além de tentar convencer a dinastia Kim a negociar.
No plano de fundo está um dilema crucial: como um país sem armas nucleares pode deter um ditador que as possui? “A melhor ferramenta que temos, sem desenvolver as próprias armas nucleares, é fazer Kim Jong-un temer pela própria vida”, diz o general sulcoreano Shin Won-sik, um dos principais estrategistas militares do país.
Sintonia. O projeto criou dúvidas sobre a sintonia entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos para lidar com o avanço do programa nuclear da Coreia do Norte. O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, afirmou mais de uma vez que uma mudança de regime em Pyongyang não é um objetivo americano. Depois que um plano de matar Kim Jong-un veio a público, o líder norte-coreano passou a usar sósias quando se desloca dentro do país.