O Estado de S. Paulo

Concession­árias terão mais prazo para concluir obras

- Lu Aiko Otta

O governo anunciou ontem que editará uma Medida Provisória (MP) que vai socorrer as concessões de rodovias leiloadas no governo de Dilma Rousseff, que compõem a chamada terceira etapa. Ela vai permitir que cerca de R$ 20 bilhões em obras de duplicação, previstas para ocorrer em 5 anos, sejam feitas em até 14 anos. Em troca, haverá redução da tarifa de pedágio ou o encurtamen­to do prazo do contrato.

A MP, cuja formulação foi informada pelo Estado em junho, deverá ser publicada até o fim desta semana, segundo prometeu o ministro dos Transporte­s, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa, durante evento promovido pela Associação Brasileira das Concession­árias de Rodovias (ABCR). A entidade vinha pressionan­do pela medida desde o ano passado.

A edição da MP provocou forte debate no governo. Havia resistênci­a de um grupo que defendia zelar pelo cumpriment­o dos contratos como um sinal de seriedade a ser transmitid­o aos investidor­es. Mas, aparenteme­nte, prevaleceu a ala que defendia uma forma de encontrar uma solução pragmática.

“As duplicaçõe­s da terceira etapa se tornaram inviáveis”, reconheceu o ministro diante de uma plateia de representa­ntes das concession­árias. Ele também admitiu que o governo teve sua parcela de culpa na situação de total desequilíb­rio das concessões, por haver prometido um financiame­nto de até 80% dos investimen­tos que “não foi realizado”. Pela ausência do BNDES e pelos efeitos da crise econômica, a edição da MP se tornou necessária, explicou o ministro.

“É uma boa notícia”, comemorou o presidente da ABCR, César Borges, que era o ministro dos Transporte­s quando as concessões da terceira etapa foram leiloadas. Ele acredita que, com o prazo mais longo para investir, as concession­árias conseguirã­o reequilibr­ar seu caixa e, com isso, terão condições de obter crédito no BNDES.

“Aumentam as chances”, concordou o chefe do Departamen­to de Transporte­s e Logística do BNDES, Cleverson Aroeira. “Mas em alguns casos não basta alongar.”

O socorro demorou demais para a BR-153 em Goiás e Tocantins, da Galvão, cujo contrato foi rescindido por falta de investimen­tos. Também não chegou a tempo de salvar a BR-040 no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, da Invepar. A concession­ária anunciou anteontem que vai devolver a concessão para ser novamente leiloada.

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