O Estado de S. Paulo

Varejo mantém sinais de recuperaçã­o

Após 3 meses de alta, vendas do comércio ficam estáveis e economista­s veem retomada consistent­e

- Daniela Amorim / Maria Regina Silva / /

Passada a euforia do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o comércio varejista entrou pelo mês de julho com estabilida­de nas vendas. A trajetória de recuperaçã­o iniciada três meses antes, porém, confirmou ser consistent­e. As vendas cresceram 3,1% em relação a julho do ano passado, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

“Tem uma história que não é só de curto prazo. É uma retomada que tem fundamento­s”, afirmou o economista Marco Caruso, do Banco Pine.

A indústria também já tinha mostrado desempenho positivo no início do terceiro trimestre. O aumento da massa de salários em circulação na economia tem favorecido a venda de bens essenciais, impulsiona­ndo setores como o de supermerca­dos.

“É a atividade que está mostrando sequência maior de resultados positivos, beneficiad­a pelo aumento da massa real de salários. É mais do que alta na renda, a massa de renda vem crescendo por causa do aumento da ocupação”, apontou Isabella Nunes, gerente da Coordenaçã­o de Serviços e Comércio do IBGE.

As condições de melhora do consumo ocorrem de forma consistent­e, concorda o economista João Morais, da Tendências Consultori­a Integrada. Ele lembra que há fatores macroeconô­micos apontando para uma recuperaçã­o do consumo, como melhora do crédito, inflação mais baixa e redução nos juros. “Daqui para a frente, essa melhora deve ser puxada ainda mais pelo canal do crédito e pela retomada do emprego”, estimou.

De junho para julho, a estabilida­de nas vendas do comércio varejista já era esperada, justamente por ter avançado de abril a junho, disse Isabella. “É um fator pontual, é um ajuste comum. Numa série, depois de três meses consecutiv­os com ganho de 2,2%, ter estabiliza­ção é algo esperado.”

Outro indício de que as vendas mantiveram a trajetória de recuperaçã­o em julho foi o arrefecime­nto mais uma vez da taxa acumulada em 12 meses, que ficou negativa em 2,3%. “O indicador tradiciona­lmente de tendência, que é o de longo prazo, de 12 meses, mostra redução no ritmo de queda em todas as atividades. Essa é uma evidência dessa recuperaçã­o”, frisou Isabella.

Para a economista Natalia Cotarelli, do Banco ABC Brasil, o resultado do varejo está em linha com uma estimativa de cresciment­o de 0,7% do PIB neste ano. “Mais que 0,7% parece bastante, devemos ter volatilida­de nos dados mensais.”

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil