Varejo mantém sinais de recuperação
Após 3 meses de alta, vendas do comércio ficam estáveis e economistas veem retomada consistente
Passada a euforia do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o comércio varejista entrou pelo mês de julho com estabilidade nas vendas. A trajetória de recuperação iniciada três meses antes, porém, confirmou ser consistente. As vendas cresceram 3,1% em relação a julho do ano passado, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Tem uma história que não é só de curto prazo. É uma retomada que tem fundamentos”, afirmou o economista Marco Caruso, do Banco Pine.
A indústria também já tinha mostrado desempenho positivo no início do terceiro trimestre. O aumento da massa de salários em circulação na economia tem favorecido a venda de bens essenciais, impulsionando setores como o de supermercados.
“É a atividade que está mostrando sequência maior de resultados positivos, beneficiada pelo aumento da massa real de salários. É mais do que alta na renda, a massa de renda vem crescendo por causa do aumento da ocupação”, apontou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
As condições de melhora do consumo ocorrem de forma consistente, concorda o economista João Morais, da Tendências Consultoria Integrada. Ele lembra que há fatores macroeconômicos apontando para uma recuperação do consumo, como melhora do crédito, inflação mais baixa e redução nos juros. “Daqui para a frente, essa melhora deve ser puxada ainda mais pelo canal do crédito e pela retomada do emprego”, estimou.
De junho para julho, a estabilidade nas vendas do comércio varejista já era esperada, justamente por ter avançado de abril a junho, disse Isabella. “É um fator pontual, é um ajuste comum. Numa série, depois de três meses consecutivos com ganho de 2,2%, ter estabilização é algo esperado.”
Outro indício de que as vendas mantiveram a trajetória de recuperação em julho foi o arrefecimento mais uma vez da taxa acumulada em 12 meses, que ficou negativa em 2,3%. “O indicador tradicionalmente de tendência, que é o de longo prazo, de 12 meses, mostra redução no ritmo de queda em todas as atividades. Essa é uma evidência dessa recuperação”, frisou Isabella.
Para a economista Natalia Cotarelli, do Banco ABC Brasil, o resultado do varejo está em linha com uma estimativa de crescimento de 0,7% do PIB neste ano. “Mais que 0,7% parece bastante, devemos ter volatilidade nos dados mensais.”