O Estado de S. Paulo

Magazine Luiza fará oferta que pode levantar R$ 1,9 bi.

Parte dos recursos deverá ser usada para a abertura de novas lojas; neste ano, segundo Luiza Trajano, rede pretende abrir 60 unidades

- / LUANA PAVANI, DAYANNE SOUSA E DENISE LUNA

O Conselho de Administra­ção do Magazine Luiza aprovou ontem a realização de uma oferta pública primária (novas ações) e secundária (papéis dos atuais acionistas) que pode movimentar até R$ 1,894bilhão. O cálculo leva em conta as 24 milhões de ações ordinárias ofertadas, tendo como base a cotação de fechamento de 8 de setembro, a R$ 78,92.

Os recursos obtidos devem ser direcionad­os a investimen­tos em ativos de longo prazo, incluindo melhoria e expansão da malha logística, inauguraçã­o de novas lojas e aquisição de empresas de tecnologia com atuação no segmento digital.

Em evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro, a presidente do conselho, Luiza Trajano, afirmou que a rede deve abrir 60 lojas este ano. “A maioria será localizada no Nordeste, em lugares que ainda não estamos”, disse a empresária.

Comandado pelo filho da empresária, Frederico Trajano, o Magazine Luiza tem hoje 818 lojas, mas ainda não está no Rio. Segundo a executiva, o motivo seria o medo de sua tia, de 91 anos, fundadora da rede e moradora do interior de São Paulo, que sempre lhe serviu de conselheir­a. “Mas vou trazê-la ao Rio para ela ver como a cidade é linda.”

Luiza não quis comentar sobre a operação anunciada, “para não atrapalhar”. A empresária observou que a economia brasileira está mostrando sinais de melhora, com a queda de juros e consequent­e crédito mais barato, o que ajudou no resultado do primeiro semestre da empresa. “A gente vem de um semestre bom. Fomos bem até agora e espero que continue”, disse a executiva.

Processo. O preço por ação será definido após procedimen­to de coleta de intenção de investimen­tos, que se iniciou ontem e vai até 27 de setembro. A negociação está prevista para 29 de setembro.

Estudada já há alguns meses, a oferta ficou em suspenso após a rede ter desistido de lançar os papéis em meio à crise política gerada pela delação do empresário Joesley Batista, da J&F.

Com a oferta, haverá um aumento de cerca de 52% na base de ações em circulação, o que posicionar­á a companhia em um novo patamar na B3. A colocação ainda reduz o porcentual do capital da companhia detido pela família da empresária Luiza Helena Trajano, que controla o negócio. O movimento vem sendo aplaudido pelos gestores de investimen­to.

Hoje, cerca de 75% os papéis estão nas mãos da família. Após a venda, esse porcentual pode cair para perto de 65%. O “free float” (fatia do capital em circulação no mercado) pode sair dos atuais 25% para 35%, sem contar o lote suplementa­r.

A oferta ocorre após o desdobrame­nto de ações da companhia, na semana passada, na razão de 1 para 8. Só em setembro, a alta acumulada do papel já ultrapassa os 10%.

Os bancos coordenado­res são Bank of America Merrill Lynch (líder), BTG Pactual, JPMorgan, Itaú BBA, Credit Suisse, BB Investimen­tos, Bradesco BBI e Santander.

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