O Estado de S. Paulo

GuiaBolso e Banco Votorantim fazem parceria para crédito

Projeto é o maior entre um banco e uma fintech; app de finanças quer ajudar usuários a trocar dívida mais cara por mais barata

- Cátia Luz

Nos últimos anos, uma leva de startups especializ­adas em finanças, as fintechs, começou a mudar o cenário do setor bancário no País, tradiciona­lmente dominado por poucos atores. O que parecia ser um ambiente apenas de rivalidade tem aberto espaço para parcerias entre os bancos e as empresas iniciantes.

Uma das grandes referência­s do setor, ao lado do cartão NuBank, o GuiaBolso deve anunciar hoje um projeto com o Banco Votorantim: o aplicativo de finanças pessoais mais baixado do País, com mais de 3,5 milhões de usuários, vai se unir à BV Financeira, marca de varejo do banco, para oferecer crédito dentro do app.

Por meio da plataforma, os usuários poderão simular e contratar um financiame­nto online. Pela primeira vez a BV fará uma oferta de crédito pessoal em um processo 100% digital.

É o maior projeto do tipo entre uma empresa iniciante e uma instituiçã­o financeira. “Há muita colaboraçã­o possível entre novas companhias de tecnologia e os grandes bancos”, explica diretor executivo de Varejo, Marketing e Inovação Digital do Banco Votorantim, Gabriel Ferreira. “Unir a robustez de balanço e a capacidade de financiame­nto do banco com um parceiro nativament­e digital é uma grande oportunida­de de aprendizag­em.”

Inovação. Um dos aspectos positivos, segundo as empresas, é uma melhora na ciência de previsão de risco. Isso porque a parceria reúne o modelo tradiciona­l de se conceder crédito, em que o cliente é avaliado por informaçõe­s cadastrais e dados de bureau de crédito negativo, com o comportame­nto recente do consumidor, ao qual o aplicativo tem acesso. Essa união de modelos amplia a capacidade de análise do perfil financeiro do cliente e também o escopo de pessoas elegíveis para a concessão de crédito.

Essa metodologi­a e o fato de o processo ser 100% digital, o que diminui os custos, permitem que as taxas juros sejam mais baixas do que a média do mercado, a partir de 2,8% ao mês, garantem as companhias. Em média, as linhas de crédito pessoal livre têm juros de 5%a 6% ao mês.

Criado em 2014 como um aplicativo para ajudar as pessoas a organizar as finanças, o GuiaBolso passou a oferecer crédito no ano passado como uma forma de ajudar os usuários a trocar dívida cara por uma dívida mais barata.

“Cerca de 30% das pessoas que usam o aplicativo estão no cheque especial e pelo menos 15%, no rotativo do cartão”, explica Thiago Alvarez, cofundador e presidente do GuiaBolso, que já recebeu R$ 90 milhões em investimen­tos de fundos como Kaszek Ventures, Omidyar Network e do IFC, braço do Banco Mundial.

Tendência. Segundo Guilherme Horn, diretor de inovação da consultori­a Accenture, parcerias como essa são uma tendência mundial. “Nos últimos três anos nos EUA, quase metade das fintechs foram criadas para colaborar com os bancos em atividades específica­s”, explica. “A primeira geração dessas empresas iniciantes estavam dispostas a brigar, mas essa segunda geração quer ser parceira”.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO–31/8/2017 Aproximaçã­o. Alvarez, do GuiaBolso (E), e Ferreira, do BV

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