O Estado de S. Paulo

Protesto termina em prisões no RS

Em Porto Alegre, dois homens são presos em manifestaç­ões contrárias à reabertura do museu do Santander

- Luciano Nagel / COLABOROU PAULO BERALDO

Dois homens foram presos, no início da noite desta terça-feira, 12, após protestos em frente ao Santander Cultural, no centro de Porto Alegre. As informaçõe­s são do Comando de Policiamen­to da Capital (CPC).

De acordo com a polícia, a dupla foi detida por entrar em confronto com integrante­s que eram opostos à reabertura do museu que foi fechado pela direção do Santander Cultural no domingo, 10. A Brigada Militar teve que usar bombas de gás lacrimogên­eo para dispersar os manifestan­tes. Os homens foram conduzidos pelos policiais para a 2.ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendiment­o.

O protesto contra o fechamento da exposição Queermuseu, em frente do Santander Cultural teve início por volta das 15h30 e, a princípio, foi pacífico. Jovens artistas promoveram uma breve performanc­e na porta do prédio da instituiçã­o, onde eles tinham colocado fitas de isolamento na entrada e ficaram nus. Na ocasião, algumas artistas mostraram os seios e se banharam em argila, como forma de repulsa à homofobia.

“Resolvi expor meus seios para mostrar que estamos aqui e nossas identidade­s não serão apagadas, é uma forma de afirmar isso através do corpo, que é uma metáfora para toda a nossa identidade e tudo que incomoda tanto nas pessoas”, explicou a artista visual Júlia Franza.

O secretário de cultura de BH, Juca Ferreira, confirmou que foi procurado na manhã desta terça-feira, 12, por um gestor cultural da capital gaúcha próximo ao curador do evento, Gaudêncio Fidelis. Na conversa, a possibilid­ade de BH receber a exposição foi levantada. “Vejo com bons olhos, até por ter tradição de lutar contra qualquer tipo de censura e restrição, mas a conversa não avançou”, afirmou Ferreira, que foi ministro da Cultura entre 2008 e 2010.

Em Minas. O curador da exposição Queermuseu – Cartografi­as da Diferença na Arte Brasileira, Gaudêncio Fidelis, afirmou na tarde da terça, 12, que a mostra pode ir a Belo Horizonte. Ele disse isso durante protestos, que reuniram centenas de pessoas em frente do Santander Cultural, no centro de Porto Alegre. O grupo, a maioria composto por integrante­s de ONGs LGBTs, é contra o fechamento da exposição, ocorrido domingo.

“Houve um contato do assessor de secretário de Cultura de Belo Horizonte, Juca Ferreira, que se mostrou interessad­o em receber a exposição em Minas. O assessor me disse que a Secretaria de Cultura faria um investimen­to caso eu permitisse. Eu disse, com prazer, eu tenho o maior interesse”, explicou o curador.

O artista gaúcho Jorge Gil estava entre os manifestan­tes e disse que, apesar de não conhecer pessoalmen­te o curador, é solidário com ele e a arte brasileira. “Que ele (Gaudêncio Fidelis) não se sinta acuado em função de pessoas de um fundamenta­lismo sem propriedad­e. A exposição traz uma identidade com obras que há milênios vem sendo explorada por artistas da nossa história da humanidade. Aqui no Brasil não pode ser diferente”, apontou o rapaz.

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LUCIANO NAGEl Pela liberdade. Manifestan­tes ontem em frente ao local

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