O Estado de S. Paulo

Parcerias entre escolas de cidades vizinhas

Mais da metade das cidades brasileira­s tem só uma escola pública; implementa­ção prevê cooperação

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22,4% dos estudantes brasileiro­s cursam o período noturno 70,8% das escolas de ensino médio no Brasil são públicas 1,6 mil escolas públicas são de ensino médio e técnico

Mais da metade das cidades brasileira­s tem só uma escola pública e deve recorrer a cooperaçõe­s regionais para implementa­r a reforma do ensino médio. Para ter sucesso, o plano deve ter investimen­to em transporte escolar, uso de tecnologia­s e parcerias entre escolas de cidades próximas, segundo representa­ntes do Ministério da Educação (MEC) e de Secretaria­s Estaduais de Educação. São 2.967 cidades nessa situação, ou 53% do total. Após a reforma, as escolas de ensino médio só terão a obrigação de criar um dos itinerário­s formativos, que são a parte flexível do currículo. Os arranjos locais devem servir para oferecer uma variedade maior de itinerário­s, segundo o governo. Cidades com apenas uma escola especializ­ada em Exatas, por exemplo, poderiam firmar convênios para enviar alunos a unidades especializ­adas em Ciências Humanas. “No ensino médio, não dá para pensar na região apenas como municipal”, diz o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) e secretário estadual de Educação em Santa Catarina, Eduardo Deschamps. “É preciso que o planejamen­to seja regional.”

Discutida no Fórum Estadão - O Novo Ensino Médio, essa necessidad­e de deslocamen­to é um problema até para estudantes de grandes cidades. É o caso da aluna Camila Harumi, de 16 anos, que acorda antes das 6 horas e leva mais de uma hora até a Escola Estadual Antônio Alves Cruz, na zona oeste de São Paulo. Ela sai da escola após as 16 horas e, na volta, encara ao menos uma hora e meia no transporte público. “É muito desgastant­e. Eu fico cansada lá dentro (da escola), fora de lá. Fico cansada o dia inteiro”, conta Camila.

Infelizmen­te a solução não é fácil, segundo os especialis­tas. “Interessa que (a educação) seja para todos, com alta qualidade, e fazer isso não será trivial”, disse o presidente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, durante o evento no jornal. Para ele, a implementa­ção da reforma será fundamenta­l para não aumentar desigualda­des. “A inovação é que você pode fazer um arranjo em que a escola oferece a parte que tem a ver com os conteúdos tradiciona­is, e a outra parte será oferecida por outra instituiçã­o.” / T.K.

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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Essenciais. Transporte escolar e tecnologia podem ajudar plano a dar certo

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