O Estado de S. Paulo

Noite de balada

Em noite de Skank e Fergie, música pop dita as regras no Rock in Rio.

- / GUILHERME SOBOTA, JOÃO PAULO CARVALHO, JULIO MARIA, PEDRO ANTUNES E ROBERTA PENNAFORT.

Skank, Fergie e Maroon 5 mostram a força do pop no Rock in Rio.

Esqueçam os riffs frenéticos, as batidas ensurdeced­oras do bom e velho rock-n’-roll e os agudos vocais estridente­s que assustam qualquer ouvinte. O que se viu na longínqua Cidade do Rock, na zona oeste do Rio de Janeiro, foi uma mistura de diferentes estilos musicais: do rap ao soul, passando pelo R&B e a MPB. O pop, no entanto, ditou as regras do jogo e dominou os quatro cantos do evento. O que pôde ser facilmente confirmado quando o Skank, primeira atração do Palco Mundo, se apresentou por volta das 19h. Com uma enxurrada de hits radiofônic­os, a banda liderada por Samuel Rosa mostrou sua força para uma verdadeira multidão. Depois do grupo brasileiro, ainda vieram o jovem Shawn Mendes e aquele que talvez tenha sido o maior espetáculo da segunda noite do Rock in Rio: Fergie, apesar de não saber cantar ao vivo, e Pabblo Vittar juntas no mesmo palco.

Já o Maroon 5 fez um repeteco do show de sábado. A primeira música da apresentaç­ão, inclusive, foi a mesma: Moves Like Jagger, seguida de This Love e Harder to Breathe.

Com fãs teens, em sua maioria, o jovem Shawn Mendes, de 19 anos, encheu de açúcar um dia que já estava excessivam­ente doce. Mendes é o pop no seu mínimo. Violão é a sua arma. Amor, a mensagem. Não há segredos. Como um artista que vive a pós-adolescênc­ia e dialoga com quem está no meio dessa ebulição hormonal. Por isso, ele funciona tão bem. Sai de lá e bate diretament­e nos jovens corações. Mas o artista tem qualidades – é bom deixar claro – também entre mais velhos. Porque o que ele produz, no violão, perfura a dureza por simplifica­r o que é tão conturbado na vida adulta: afinal, como era mais simples amar quando se tinha 15 anos, não é? E esse é o segredo dele: a simplicida­de no que é tão complicado. Assim, ele discorre sobre a própria vida, falando a respeito de tantas outras vidas, como em Stiches , Mercy, Treat You Better, e até em músicas que não são suas, como Castle on the Hill e Use Somebody, de Ed Sheeran e Kings of Leon, respectiva­mente.

Na abertura do Palco Mundo, às 19h, o Skank se destacou. Enfileiran­do hits dos anos 1990 e 2000, o grupo fez o que sabe fazer e o que os fãs do festival esperavam. “Vocês não sabem o que significa para uma banda como o Skank tocar para tanta gente”, confessou Samuel Rosa. “Por mais tempo de estrada que a gente tenha, é incrível estar aqui” – e não há motivo para considerar que a fala foi protocolar. Durante Ainda Gosto Dela, sucesso de 2008, ele evocou Freddie Mercury para interagir com o mar de gente a seus pés.

O fim do show – Vou Deixar, Garota Nacional e Vamos Fugir – fez a Cidade do Rock tremer pela primeira vez neste Rock in Rio 2017. No palco, o vocalista Samuel Rosa também entrou nos temas políticos – Indignação, de 1992, soava tão atual, segundo o próprio, e foi uma das poucas canções menos conhecidas do setlist. “Estamos numa crise moral e ética. Peço à nossa classe política que não nos torne tão árdua e difícil a missão de acreditar neles. Nosso dinheiro está escorrendo pelos ralos”, desabafou. Mais cedo. Quem abriu os trabalhos no início da tarde de sábado, 16, foram as cantoras Lucy Alves, Emanuelle Araújo, Mariana Aydar e Tiê, que subiram ao Palco Sunset para homenagear João Donato. Ao lado do filho Donatinho, ele também participou da apresentaç­ão. As artistas se dividiram entre as músicas mais conhecidas do compositor acriano, como A Rã, Lugar Comum e Bananeira.

De volta ao Rock in Rio 32 anos depois do show histórico da primeira edição do festival, em 1985, a Blitz fez uma apresentaç­ão incendiári­a no Palco Sunset, com todos os seus sucessos dos anos 1980. O show foi marcado pelo humor caracterís­tico do grupo, além de um discurso politizado. “Vamos mudar a p... do Brasil”, convocou o líder da banda, o vocalista Evandro Mesquita. A performanc­e também contou com participaç­ão de Alice Caymmi, dos grupos AfroReggae e Us Blacks, além do guitarrist­a Davi Moraes. Outro destaque do Palco Sunset foi Rael, que tocou ao lado de Elza Soares. Rael veio com uma vontade de fazer do show uma plataforma maior para sua carreira. Antes mesmo de receber Elza no palco, ele se impôs para um público que talvez nem fosse exatamente o dele. Rael lembrou de Djavan com Sina, puxou um cover longo de My Girl e parodiou Caetano Veloso, cantando “Hip Hop É F...”

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Empoderada. Fergie investe em hits do The Black Eyed Peas
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 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO ?? Fergie. Com participaç­ão de Pabblo Vittar, cantora fez show repleto de surpresas
FABIO MOTTA/ESTADÃO Fergie. Com participaç­ão de Pabblo Vittar, cantora fez show repleto de surpresas
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Adam Levine. Maroon 5 faz repeteco do show de sábado, mas fãs curtem mesmo assim
 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO ?? Skank. Banda de Samuel Rosa vê seus hits cantados por uma multidão cheia de energia
FABIO MOTTA/ESTADÃO Skank. Banda de Samuel Rosa vê seus hits cantados por uma multidão cheia de energia

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