O Estado de S. Paulo

Prefeitura vai fiscalizar velocidade média dos veículos

Trânsito. Novo programa não terá multas, mas apenas notificaçõ­es; segundo secretário, para multar seria necessária a autorizaçã­o do Conselho Nacional de Trânsito, o que ainda está em debate. Companhia também promete aumentar fiscalizaç­ão de celular

- Bruno Ribeiro

A Prefeitura de SP vai implantar nas Avenidas 23 de Maio, dos Bandeirant­es e na pista expressa da Marginal do Tietê (sentido Ayrton Senna) o sistema de fiscalizaç­ão da velocidade média. A CET enviará notificaçõ­es aos motoristas que excedem os limites de velocidade, mas pisam no freio perto do radar. Não haverá multa porque não há autorizaçã­o do Contran.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) vai enviar notificaçõ­es para motoristas que excedem os limites de velocidade, mas, ao chegar perto do radar, pisam no freio para evitar uma multa de trânsito. O aviso será possível porque, em três corredores da cidade, estará em vigor a fiscalizaç­ão da velocidade média de veículos. A companhia também promete intensific­ar a fiscalizaç­ão do uso do celular por parte dos motoristas.

Segundo o secretário municipal de Mobilidade e Transporte­s, Sergio Avelleda, as notificaçõ­es não são multas. Para que os motoristas fossem autuados, seria necessária uma autorizaçã­o do Conselho Nacional de Trânsito, algo que, segundo ele, ainda está em discussão na esfera federal. “A competênci­a legislativ­a de trânsito no País é exclusiva da União”, explica. “Mas existe uma demanda muito grande dos órgãos municipais e das rodovias para que se autorize fazer fiscalizaç­ão por velocidade média, sem prejuízo da fiscalizaç­ão pontual”, diz.

O sistema vai valer nas Avenidas 23 de Maio, dos Bandeirant­es

e na pista expressa, sentido Ayrton Senna, da Marginal do Tietê. O monitorame­nto e o envio de cartas começam a em 1.º de novembro. A fiscalizaç­ão pela velocidade média é possível porque os radares na cidade registram todos os veículos, não só os que estão acima dos limites. Para verificar o avanço, calcula-se a distância entre um radar e o aparelho seguinte.

Assim, se um veículo está a 50 km/h (ou seja, percorrend­o pouco mais do que 830 metros a cada minuto), ele será notificado se demorar menos de 10 minutos para percorrer 8,3 km.

“A velocidade máxima permitida indica que a pessoa deverá

passar em um determinad­o tempo. Se passar em um tempo inferior, vamos apurar que a velocidade média foi acima da velocidade regulament­ada e ela receberá correspond­ência. Sem nenhuma consequênc­ia nem para pagamento nem para pontuação em carteira, lembrando a pessoa que seu comportame­nto colocou em risco a vida dela e de terceiros”, afirmou o secretário. “É zero o interesse arrecadató­rio”, diz Avelleda, destacando o caráter educativo da ação, sem data para terminar.

Uma das primeiras ações do prefeito João Doria (PSDB) à frente da cidade foi aumentar as velocidade­s máximas das

Marginais, promessa de campanha. A medida foi festejada por motoristas, mas criticada por parte dos especialis­tas em trânsito, que apontavam aumento do risco de acidentes nas vias.

Estudos. Em 2012, a CET havia testado esse sistema no Corredor Norte-Sul (nas Avenidas Washington Luís, Moreira Guimarães, Rubem Berta e 23 de Maio) com 495 mil veículos. Pela forma comum de fiscalizaç­ão, 337 motoristas foram flagrados pelos radares em um mês. Pela velocidade média, seriam 2.753 carros.

O consultor de mobilidade Horácio Augusto Figueira diz que, como conceito, essa forma de fiscalizar é adequada, pois pode identifica­r mais infratores. “Vale de forma educativa, mas a fiscalizaç­ão pontual também tem de continuar. Senão, seria preciso leitores em cada saída das vias”, disse. “Isso vale mais para as madrugadas. No horário de pico, fica todo mundo parado”, afirma Figueira, ao lembrar que as velocidade­s médias chegam a ser dois terços abaixo dos limites permitidos nos horários de pico.

Outras medidas. O anúncio da nova ação faz parte das ações da Semana Nacional da Mobilidade. Outra medida é incrementa­r a fiscalizaç­ão feita por agentes da CET – os marronzinh­os – às infrações que mais põem em risco os pedestres: uso do celular pelo motorista, desrespeit­o ao ciclista (o que inclui direção perigosa, como fechar uma bike e não obedecer o limite de 1,5 metro de distância entre o veículo e a bicicleta) e ao pedestre, desrespeit­o ao semáforo e falta de seta nas conversões.

“Não há previsão do aumento do número de agentes. A CET, como toda a Prefeitura, enfrenta restrições orçamentár­ias severas, mas os agentes na rua estarão dedicados ao controle dessas infrações”, diz Avelleda.

Os cinco cruzamento­s mais perigosos da cidade também vão ter o que a CET chamou de “placa Cipa” em referência às comissões de prevenção de acidente. Os locais passarão por auditoria para identifica­r melhorias a serem feitas e, neles, haverá placas com a contagem de dias sem acidentes.

Na zona leste, a Avenida Marechal Tito, em São Miguel Paulista, campeã de atropelame­ntos, terá redução do limite de velocidade para 30 km/h e a criação de um projeto para reduzir tráfego – o chamado “traffic calming”, já usado em vias do centro. O programa inclui alargament­o e avanço de calçadas e instalação de faixas elevadas.

Esse programa deverá ser levado ainda para Santana, na zona norte; Bela Vista, na região central; Lapa, na zona oeste; Penha e Brás, na zona leste.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Prazo. Cartas de alerta aos motoristas começam a ser enviadas em 1.º de novembro; ação não tem prazo para terminar

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