Após gol de Jô, Brasileiro terá árbitro de vídeo
Repercussão negativa da validação do lance irregular do corintiano Jô na partida com o Vasco precipita a implantação do sistema por parte da CBF
O Campeonato Brasileiro deve ter árbitro de vídeo já na rodada do próximo fim de semana. Ontem, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, solicitou à Comissão de Arbitragem o uso imediato do recurso. A medida é uma tentativa de resposta rápida aos “graves erros” de arbitragem das últimas rodadas, sobretudo o gol de mão do atacante Jô, que garantiu a vitória do Corinthians sobre o Vasco, no domingo.
Originalmente, a intenção da CBF era implantar o árbitro de vídeo para testes apenas nas últimas rodadas do Brasileiro. Se aprovado, o recurso seria incluído no regulamento do campeonato do próximo ano. Mas a péssima repercussão do gol de Jô, além de outros lances que foram motivo de discórdia nas últimas rodadas, faz a CBF antecipar a utilização do sistema.
Segundo o Estado apurou, o uso do vídeo só não será implantado na próxima rodada se houver algum empecilho de ordem técnica, o que não deve ocorrer. Isso porque as imagens que os árbitros vão utilizar serão as mesmas geradas pelos detentores dos direitos de transmissão dos jogos. De acordo com o coronel Marcos Marinho, chefe da Comissão Nacional de Arbitragem, trata-se de uma determinação da própria Fifa.
Mais do que economizar com a instalação de câmeras exclusivas e sistema interno de transmissão em todos os estádios utilizados na Série A (10 por rodada), ao usar as imagens da TV a CBF estará se precavendo de possível nova discussão: a de que uma decisão da arbitragem tenha se baseado em imagem que somente os árbitros da cabine tenham – ou não tenham.
Apesar disso, a entidade terá de desembolsar pelo menos R$ 300 mil para usar o sistema já na próxima jornada, a 25.ª. “Fizemos um levantamento aproximado de custos e, em média, serão necessários R$ 30 mil por jogo, incluindo aí despesas com material e custos com pessoal”, explicou Marcos Marinho.
Uma reunião na CBF está marcada para hoje e ela servirá para confirmar o árbitro de vídeo já a partir de sábado. Depois disso, será necessário correr para preparar os árbitros.
“Vamos utilizar os árbitros do quadro da ativa da CBF. Eles passarão por um treinamento para afinar os detalhes, provavelmente na quinta-feira”, ressaltou o representante da arbitragem no Rio de Janeiro.
Elogiado na Copa das Confederações da Rússia, apesar de algumas confusões, o recurso de vídeo só foi utilizado duas vezes em jogos oficiais no Brasil e terminou com polêmica. O sistema foi testado pela CBF nas finais do Campeonato Pernambucano, entre Sport e Salgueiro. No jogo de ida, serviu para o juiz de campo confirmar pênalti para o Sport no fim do jogo. Na partida de volta, porém, um lance na linha de fundo assinalado pelo auxiliar e que foi posteriormente confirmado pelas imagens de TV fez com que o Salgueiro acionasse o Tribunal de Justiça Desportiva (TJDPE). O clube perdeu a causa.
Brasileirão. Em junho, a CBF havia sugerido que o árbitro de vídeo seria implantando oficialmente em 2018. O entendimento nos corredores da entidade era que, como o recurso não consta no regulamento da competição e tampouco serviu para rever lances duvidosos desde a primeira rodada, poderia render ações nos tribunais.
O erro grave de domingo no jogo do Corinthians, omitido pelo árbitro de fundo de campo e facilmente perceptível pelas imagens de TV, fez com que a CBF revisse sua posição. A determinação para a implantação imediata do sistema partiu do próprio presidente Del Nero.
Curiosamente, um dos primeiros defensores do árbitro de vídeo já este ano foi justamente o atacante corintiano Jô. Na oitava rodada, ele teve um gol mal anulado no empate por 0 a 0 com o Coritiba, fora de casa. Na ocasião, Jô eximiu o trio de arbitragem pelo erro, mas questionou a ausência do
uso do monitor e defendeu sua aplicação em todas as partidas.
“Não poderiam escolher jogos ou lances, deveria ser utilizado sempre e todo time deveria ter o direito de usar. Se tem isso, é para melhorar o futebol e tudo que tem esse objetivo eu apoio”, sustentou, à época.
Sobre o lance de domingo, em Itaquera, Marcos Marinho comentou que a Comissão de Arbitragem ouviu “críticas normais” em casos do gênero. “É um lance que chamou a atenção, na forma como foi”, disse, sem, contudo, criticar os árbitros envolvidos na polêmica.
Marcos Marinho
CHEFE DA ARBITRAGEM ‘Vamos utilizar os árbitros do quadro da ativa da CBF. Eles passarão por um treinamento’