O Estado de S. Paulo

Rusga com Neymar isola Cavani

Mal-estar entre uruguaio e brasileiro é cada vez mais claro e estatístic­as mostram que artilheiro está ficando só em campo

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

O Paris Saint-Germain é líder isolado do Campeonato Francês, com 100% de aproveitam­ento após seis rodadas, e poderia viver um momento de paz. A realidade, no entanto, é bem diferente. O mal-estar entre Neymar e o uruguaio Cavani não é mais segredo desde domingo, quando os dois se desentende­ram em uma cobrança de pênalti, minutos após atrito na cobrança de uma falta na vitória de 2 a 0 sobre o Lyon. Por trás do clima pesado, as estatístic­as mostram que o uruguaio está ficando isolado entre os novos astros milionário­s do clube.

Os primeiros sinais de desentendi­mento entre Neymar e Cavani ocorreram logo no segundo jogo de ambos. Em sua estreia no Parque dos Príncipes, em Paris, o brasileiro pediu para bater um pênalti, mas o uruguaio tomou a bola nas mãos e converteu a cobrança. No domingo, o clima de insatisfaç­ão ficou claro em dois momentos: quando o lateral brasileiro Daniel Alves “confiscou’’ a bola e a repassou a Neymar no momento de uma cobrança de falta na entrada da área(Cavani queria bater) e quando Mbappé sofreu pênalti. O uruguaio teve sua vingança. Pegou a bola, disse não a Neymar, bateu, mas não converteu – são 17 pênaltis convertido­s pelo artilheiro e 3 perdidos até aqui no PSG.

Se aguentou à sombra de Ibrahimovi­c durante uma temporada, Cavani não parece disposto a ceder o status de ídolo absoluto do PSG a Neymar. Depois de conquistar a confiança da torcida com 49 gols na última temporada, ele está com moral no clube. No domingo, não escondeu a insatisfaç­ão e saiu do vestiário menos de meia hora após o jogo, partindo por uma porta lateral que dá acesso ao estacionam­ento do estádio, sem passar pela zona mista, onde teria contato com a imprensa.

O mau humor pode estar relacionad­o com sua situação no time. Estatístic­as reunidas pelo jornal L’Équipe mostraram que o uruguaio vem sendo pouco a pouco isolado no ataque depois da chegada de Neymar e, sobretudo, de Mbappé. No domingo, Cavani trocou apenas oito passes em todo o jogo, seu pior desempenho no Francês.

De outro lado, o uruguaio recebeu apenas 12 passes de seus companheir­os – curiosamen­te Daniel Alves foi quem mais lhe serviu, com quatro toques. O total é perto da metade do jogo anterior, contra o Metz. Neymar e Mbappé, que têm se entendido às maravilhas, serviram Cavani apenas duas vezes cada um. Já Mbappé tocou a bola a Neymar nove vezes, recebendo-a em outras nove ocasiões. Os números mostram um isolamento do uruguaio no centro do ataque entre o astro brasileiro e o fenômeno francês. Em três jogos, Cavani só deu um passe certo a Neymar.

Se não bastasse, o PSG de Unai Emery se concentra cada vez mais em jogadas pelas pontas

– ou seja, com Neymar e Mbappé –, do que pelo centro: 41,5% dos ataques acontecem pela esquerda, 34% pela direita, e só 24,5% pelo centro.

Sem demonstrar pulso firme, Unai Emery deixou a polêmica acontecer. “Neymar e Cavani poderiam se entender entre cavalheiro­s para decidir quem bate os pênaltis’’, afirmou. Mas, a julgar pelas estatístic­as, o entendimen­to tem sido cada vez menos cordial entre eles.

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CHRISTOPHE SIMON/AFP-17/9/2017 Climão. Cavani não quer ceder espaço e anda às turras com Neymar

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