O Estado de S. Paulo

Injeção na economia

Concessões podem gerar R$ 41 bi às vésperas da eleição

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

No auge da campanha eleitoral de 2018, no segundo semestre do ano que vem, a economia ganhará um reforço extra vindo das concessões. Nesse período, 87 projetos já leiloados começarão a deslanchar, a partir da assinatura dos contratos de financiame­nto aos projetos e liberação dos recursos. A expectativ­a é de investimen­tos de R$ 41,6 bilhões ao longo dos próximos anos. São projetos já dados como certos e que independem do cenário político.

O levantamen­to, feito com base em dados do governo, considera empreendim­entos repassados à iniciativa privada ou que tiveram os contratos prorrogado­s entre abril de 2016 e agosto deste ano. Depois do leilão o prazo médio para que um projeto entre na fase de construção ou de investimen­tos efetivos é de um ano a um ano e meio. Por isso a previsão é de que essa injeção de recursos na economia coincida com o período imediatame­nte anterior ao pleito de outubro.

Alguns projetos já poderão testar o novo modelo de financiame­nto aprovado por bancos comerciais e pelo BNDES, que permite uma maior participaç­ão

do mercado de capitais. As instituiçõ­es financeira­s emitem uma carta fiança para as debêntures que serão lançadas desde o início do projeto.

O governo ainda tem como meta licitar outros 33 projetos até o fim deste ano, o que pode impulsiona­r ainda mais os investimen­tos entre 2018 e 2019,

Futuro •

“Daqui para frente esperamos ter uma recuperaçã­o do investimen­to”

Marcos Ferrari

SECRETÁRIO DE PLANEJAMEN­TO DO

MINISTÉRIO DE PLANEJAMEN­TO

informou o secretário de Coordenaçã­o de Projetos do PPI, Tarcísio Gomes de Freitas. “Os investidor­es internacio­nais já desconecta­ram a questão política da economia”, afirmou Freitas ao Estadão/Broadcast.

Entre os projetos que devem concluir o ciclo de maturação até o fim do ano que vem estão, por exemplo, duas rodovias paulistas, nove aeroportos e sete terminais portuários (leia mais ao lado).

PIB. A expectativ­a é que esses projetos funcionem como alavanca para a taxa de investimen­to e o Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos anos houve forte retração da taxa de investimen­tos, que atingiu o pico de 21,8% do PIB em 2010 e começou a cair a partir de 2013, ficando em apenas 15,4% do PIB no ano passado.

O impacto da recuperaçã­o dos investimen­tos será favorável politicame­nte, avalia o cientista político Murillo de Aragão, presidente da Arko Advice. “Sem dúvida, se as concessões começarem a maturar, vai ajudar”, afirma. Já o economista Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B Consultori­a, diz que o grande impacto desses projetos no investimen­to virá a partir de 2019. “Apesar dos esforços, tem-se hoje um conjunto de forças que conspiram contra a ampliação dos investimen­tos. A realidade é que o governo cita (os projetos), mas só vai ver resultado em termos de investimen­tos a partir de 2019.”

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RAMIRO FURQUIM / ESTADÃO - 10/3/2017 Leilão. Aeroporto de Florianópo­lis está entre os projetos que foram concedidos este ano

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