O Estado de S. Paulo

O forte ajuste da Petros para zerar seu déficit

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Para cobrir um déficit acumulado de R$ 27,7 bilhões e adequar-se aos cálculos atuariais para complement­ação de aposentado­rias, a Petros, o fundo de seguridade dos funcionári­os da Petrobrás, aumentará a contribuiç­ão de associados, na ativa ou aposentado­s, pelo período de 18 anos. O plano de ajuste aprovado pelo conselho deliberati­vo da Petros prevê também que a Petrobrás, como empresa patrocinad­ora, contribuir­á com R$ 13,7 bilhões adicionais (R$ 1,5 bilhão já no primeiro ano). O plano ainda depende de aprovação do conselho de administra­ção da empresa.

A Petros, como outros fundos de pensão de estatais, enfrenta situação crítica, provocada por operações temerárias – a maior delas é o investimen­to na Eldorado Celulose, do Grupo J&F – e perdas com aplicações que, afetadas pela recessão econômica, não geraram o retorno esperado. Também decisões internas da empresa – como o programa de demissões incentivad­as, que resultou na antecipaçã­o de aposentado­rias e na mudança do perfil dos associados – prejudicar­am os resultados da Petros.

O conselho do fundo agiu com presteza e com o rigor exigido pela situação. “Há muito a ser reavaliado na Petros”, afirmou seu presidente, Walter Mendes, “mas não dá para esperar todos os ajustes para equacionar o déficit.” Se aprovada pelo conselho de administra­ção da Petrobrás e pela Secretaria de Coordenaçã­o e Governança das Empresas Estatais, o plano deve entrar em vigor em dezembro, de modo a atender ao cronograma de regulariza­ção estabeleci­do pela Superinten­dência Nacional de Previdênci­a Complement­ar.

Mesmo sendo proporcion­al aos ganhos, o aumento imporá sacrifício­s aos associados, principalm­ente os aposentado­s, que representa­m a maioria deles. Os aposentado­s que percebem R$ 10 mil ou mais terão de pagar uma contribuiç­ão de 19,2% do benefício. Para os funcionári­os da ativa na mesma condição, a alíquota passará a ser de 13,5% dos proventos.

Se as aplicações forem mais rentáveis nos próximos anos e os prejuízos forem reduzidos, as contribuiç­ões dos associados poderão começar a diminuir antes do prazo fixado. Mas, por enquanto, a diretoria do fundo não está contando com isso. O plano aprovado cobre o déficit de 2015 e evita que o rombo ressurja nos exercícios seguintes. “Não queremos é que o déficit aumente”, disse Mendes.

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