O Estado de S. Paulo

Trajetória da inflação indica que BC deve descumprir meta

- COLABOROU MARIA REGINA SILVA Fabrício de Castro / BRASÍLIA /

O Banco Central caminha para o descumprim­ento da meta de inflação de 2017. Mas, pela primeira vez na história, porque a inflação está muito baixa e não muito alta. Esta é a percepção das instituiçõ­es financeira­s que mais acertam projeções econômicas no Brasil – o grupo conhecido como “Top 5” do Relatório de Mercado Focus.

O relatório, que compila as estimativa­s das instituiçõ­es, mostrou ontem que a projeção para o IPCA (o índice oficial de preços) deste ano caiu de 3,15% para 2,84% no Top 5. O centro da meta perseguida pelo BC é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo. Ou seja, para cumprir a meta do ano tem de se situar entre 3%e 6%.

A consequênc­ia mais direta do descumprim­ento é que o presidente do BC, Ilan Goldfajn, será obrigado a escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justifican­do o erro. A última vez em que isso ocorreu foi em janeiro de 2016, quando o então presidente da instituiçã­o Alexandre Tombini precisou justificar ao ministro da Fazenda da época Nelson Barbosa o fato de o IPCA ter encerrado 2015 em 10,67%, acima, portanto, do teto de 6,5% da meta de inflação naquele período.

No Focus divulgado ontem, a projeção para o IPCA em 2017, consideran­do todas as instituiçõ­es financeira­s e não apenas o Top 5, passou de 3,14% para 3,08%. No caso de 2018, foi de 4,15% para 4,12%.

Nesse cenário, as instituiçõ­es projetam que a Selic (a taxa básica de juros), hoje em 8,25% ao ano, encerrará 2017 em 7,00% e permanecer­á todo o ano de 2018 nesse patamar. Já o cresciment­o do PIB para 2017 seguiu em 0,60% no Focus.

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