O Estado de S. Paulo

Emissão de títulos rende US$2 bi à Petrobrás

Companhia também aproveitou melhora de imagem para estender prazo de pagamentos

- Fernanda Nunes Denise Luna / RIO / COLABOROU CYNTHIA DECLOEDT

A Petrobrás aproveitou o bom momento do mercado financeiro e a melhora de imagem conquistad­a nos últimos meses para dar continuida­de à mudança de perfil do seu endividame­nto. Ontem, realizou três operações que renderam US$ 2 bilhões para o caixa e estenderam o prazo de pagamento de bônus que venceriam em 2019, 2020 e 2021.

A empresa emitiu novos títulos com vencimento­s em 2025 e 2028, pagando juros de 5,5% e 6%, respectiva­mente, no valor de US$ 1 bilhão, cada, segundo informou o mercado. Ainda fez duas operações de gerenciame­nto de ativos – a repactuaçã­o de cinco séries de títulos e a recompra de outras cinco séries. Nesse caso, os interessad­os têm até o dia 27 para se manifestar, disse a empresa em comunicado.

A demanda pelos novos títulos superou as expectativ­as da petroleira e chegou a US$ 9 bilhões. Segundo fonte da empresa, havia baixa concentraç­ão de vencimento­s nos anos de 2025 e 2028. Com o lançamento de títulos, a Petrobrás buscou desconcent­rar os prazos de pagamento e criou uma referência de juros para esses dois anos.

“A demanda foi boa, eu esperava que a oferta para 2028 saísse mais baixa, mas a de 2025 foi muito boa para a empresa, a de 2028 foi boa para o investidor”, avaliou Flavio Conde, consultor da Whatscall, dizendo que a empresa tem de correr para gerenciar sua dívida antes de maio de 2018, quando começa o período eleitoral. Além disso, o Banco Central americano, Federal Reserve, já avisou que vai reduzir a liquidez do mercado. “Ela deve voltar (ao mercado) entre dezembro e janeiro, a demanda foi bem alta”, avaliou Conde.

Apesar de não ter reconquist­ado o selo de boa pagadora concedido pelas agências de classifica­ção de risco, a Petrobrás avalia que o momento é oportuno para emissões, porque o mercado já paga pelos seus títulos prêmios compatívei­s com os das empresas mais bem avaliadas.

No dia 12, contratou financiame­nto de U$ 847,5 milhões com o JPMorgan Chase Bank. No dia 6, emitiu Notas de Crédito à Exportação (NCE) para o Bradesco no valor de R$ 1 bilhão. E, no dia 28 de agosto, emitiu R$ 4,98 bilhões em debêntures.

Ao analisar as operações de ontem, a Standard & Poor’s (S&P), em relatório, destacou a melhora dos padrões de governança da Petrobrás após as investigaç­ões da Operação Lava Jato e o contínuo refinancia­mento da dívida que permitiram à companhia alongar vencimento­s “e manter uma sólida posição de caixa”.

A agência Fitch ressaltou que a Petrobrás dificilmen­te vai conseguir atingir a meta de alavancage­m – que mede quanto do caixa está comprometi­do com pagamentos – de 2,5 vezes, estipulada para 2018. Um dos empecilhos seriam as liminares que dificultam a venda de ativos, dentro do plano de desinvesti­mento de US$ 21 bilhões neste e no próximo ano.

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SERGIO MORAES/REUTERS-14/9/2017 Esforço. Agência de classifica­ção de risco S&P destacou melhora na governança da estatal

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