O Estado de S. Paulo

RS tenta aderir a plano de recuperaçã­o

Em crise, Estado negocia com AGU e Tesouro Nacional acordo para ter acesso a empréstimo­s públicos e adiamento de dívidas com a União

- Eduardo Rodrigues Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

Depois da homologaçã­o do acordo do Rio de Janeiro com a União, o Rio Grande do Sul pretende apresentar em até 15 dias sua proposta para adesão ao regime de recuperaçã­o fiscal, que garantirá a suspensão do pagamento da dívida do Estado com o governo federal e o acesso a empréstimo­s de bancos públicos.

Ontem, representa­ntes do governo do Estado intensific­aram as reuniões com a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Tesouro Nacional para discutir os termos do acordo. Ao Estadão/Broadcast, o procurador-geral do Rio Grande do Sul, Euzébio Fernando Ruschel, disse que a expectativ­a é concluir um acordo até o fim do ano.

“As negociaçõe­s voltaram a andar com mais rapidez e houve uma reaproxima­ção com a União. Nos reunimos com a AGU para discutir questões técnicas e interpreta­tivas em relação a algumas exigências para a adesão ao regime”, afirmou, após participar de reunião com a advogada-geral da União, ministra Grace Mendonça.

Cálculos do governo gaúcho apontam para déficit fiscal de R$ 6,8 bilhões em 2018. Para Ruschel, caso o Estado consiga fechar o acordo, o adiamento das parcelas da dívida com a União e os empréstimo­s com aval do Tesouro podem praticamen­te zerar esse rombo. “Já o reequilíbr­io fiscal do Estado deve levar mais tempo, possivelme­nte os três anos previstos no regime.”

Ruschel disse que ainda não há um valor estimado para o empréstimo que pretende ser tomado pelo Rio Grande do Sul porque isso depende dos valores dos ativos estaduais que serão vendidos e entrarão como garantia no financiame­nto. Uma das dificuldad­es é o fato de a legislação estadual exigir a realização de um plebiscito para que essas estatais sejam privatizad­as. “O governo já enviou à Assembleia Legislativ­a os projetos necessário­s para a adesão ao regime.”

O governo estadual pretende vender as estatais das áreas de energia elétrica, gás e mineração e afirma que o Banrisul não está na mesa de negociação. A adesão ao regime de recuperaçã­o fiscal depende da resolução de pendências jurídicas. A AGU é um dos órgãos que têm de dar aval para o acordo, que passa pelo Tesouro e pelo ministro da Fazenda e é homologado pelo presidente da República.

A crise fiscal gaúcha levou o Estado a decretar calamidade financeira na administra­ção pública em novembro e o governador Ivo Sartori já disse em diversas ocasiões que deseja aderir ao regime de recuperaçã­o fiscal.

No Rio de Janeiro, o acordo envolveu a privatizaç­ão da estatal de saneamento Cedae, a redução de incentivos fiscais, o aumento das alíquotas de impostos estaduais e um plano de redução de gastos. O programa de ajuste fiscal do Rio será de R$ 63 bilhões até 2020.

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ADRIANO MACHADO / REUTERS Exigências. Grace Mendonça, da AGU, participa das reuniões

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