Vitória do streaming
Série de internet, ‘The Handmaid’s Tale’ vence no Emmy
Era inevitável que, em algum momento, um serviço de streaming levasse o Emmy de melhor drama. Mas ninguém esperava que o Hulu fosse o primeiro. Sua adaptação distótica de O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale) valeu-lhe, na noite de domingo, o mais prestigioso prêmio da TV, batendo concorrentes da HBO, NBC e Netlifix.
Embora o Hulu tenha um orçamento de programação menor que o de rivais, O Conto da Aia é o primeiro seriado de streaming a vencer na categoria melhor drama. Elizabeth Moss, ex-Mad Men, finalmente conquistou seu primeiro Emmy, com o papel de Offred na série, que será exibida no Brasil pelo Paramount Channel em 2018.
A vitória de The Handmaid’s Tale veio durante uma cerimônia decidida politicamente. Saturday Night Live também “atropelou” o Emmy, ganhando na categoria variety sketch pela primeira vez em mais de duas décadas. Comediantes do programa arrasaram: Alec Baldwin como o presidente Donald Trump e Kate McKinnon nos papéis de Hillary Clinton e do secretário de Justiça Jeff Sessions (entre outros personagens).
Trump, aliás, dominou a noite. No palco do Emmy, ele foi lembrado e relembrado, geralmente sob a forma de cobrança. “Quero agradecer a Trump por ter posto os negros no topo da lista dos mais oprimidos”, disse Donald Glover ao receber um de seus dois prêmios pela comédia Atlanta, do canal FX.
Em sua fala de abertura, o apresentador Stephen Colbert proclamou Trump como a maior história do ano da TV e, em seguida, chamou um convidado surpresa, o ex-secretário de Imprensa da Casa Branca Sean Spicer, aquele que havia dito que a posse de Trump “foi a maior de um presidente já registrada”.
A vitória de The Handmaid’s Tale foi um golpe para a Netflix, que gastou milhões na divulgação de suas séries antes da votação do Emmy e, mais uma vez, chegou apenas perto de levar o prêmio de melhor drama, apesar de a metade das séries indicadas ser suas. Foi também uma paulada para a NBC, que finalmente estava entre os favoritos com seu altamente popular drama de família This Is Us. Pela primeira vez em mais de uma década, uma rede de TV estava em vias de vencer na categoria drama, mas um serviço de streaming levou o prêmio.
Saturday Night Live nunca chegou a ser um favorito dos jurados do Emmy, mas, neste ano, foi diferente. Após bombardear Trump quase todas as semanas e atingir alguns dos mais altos índices de audiência do ano, o SNL levou para casa muitos prêmios, incluindo o de melhor show de variedades.
Ao receber o prêmio, o veterano produtor executivo do programa, Lorne Michaels, disse que achava que o show jamais teria uma temporada “tão louca, imprevisível, assustadora, cansativa e animadora” como a do início do programa, em meados dos anos 1970. “Acontece que eu estava errado”, concluiu. Alec Baldwin, como era esperado, ganhou na categoria melhor ator coadjuvante em comédia por sua imitação de Trump. “Tenho que dizer: finalmente, sr. Presidente, aqui está seu Emmy”, ironizou.
Kate McKinnon repediu a dose como melhor atriz coadjuvante em comédia. O programa da NBC já havia levado os dois prêmios na categoria melhor ator no Creative Arts Emmys (um para Melissa McCartthy e outro para Dave Chapeelle).
E Julia Louis-Dreyfus finalmente fez história. Com sua vitória como melhor atriz em comédia pelo papel de Selina Meyer em Veep, ela igualou o recorde de
Cloris Leachman de oito Emmys em horário nobre. Julia também estabeleceu novo recorde no número de vitórias de um ator fazendo um personagem, desempatando com Candice Bergen (Murphy Brown) e com Don Knotts (The Andy Griffith Show).
Com uma folha de papel nas mãos, Julia descreveu sua personagem (que foi de vice a presidente e a vice novamente durante as seis temporadas do ano passado) como “o papel de uma vida e uma aventura de insuperável alegria”.