O Estado de S. Paulo

Terremoto deixa ao menos 147 mortos no México

Nova tragédia. Tremor leva pânico à capital mexicana, deixa quase 4 milhões sem eletricida­de, causa vazamentos de gás, interrupçã­o do metrô e paralisaçã­o do serviço de telefonia; equipes de resgate reviram escombros para tentar resgatar sobreviven­tes

- CIDADE DO MÉXICO

Um terremoto de 7,1 graus na escala Richter atingiu o México ontem, 12 dias após o tremor de 8,2 graus registrado no sul do país. O novo abalo deixou pelo menos 147 mortos. Na Cidade do México, a capital do país, 49 prédios desabaram. Numa escola foram encontrado­s 25 corpos, 21 deles de crianças. O tremor devastou áreas dos Estados de Morelos e de Puebla. Há cerca de 4 milhões de pessoas sem energia. O epicentro foi registrado a 57 quilômetro­s de profundida­de, a oeste de Chiautla de Tapia. O sismo foi sentido em Oaxaca, região afetada no dia 8, quando morreram 98 pessoas.

Um terremoto de 7,1 graus na escala Richter no México deixou ontem pelo menos 147 mortos e derrubou dezenas de prédios, de onde bombeiros tentavam resgatar sobreviven­tes. A tragédia ocorreu 12 dias após um tremor de 8,2 graus matar 98 pessoas na costa sul do país. Os Estados mais atingidos foram Morelos, Puebla e Estado do México – apenas na capital foram 49 vítimas.

O prefeito da Cidade do México, Miguel Ángel Mancera, afirmou que pelo menos 49 prédios ruíram e as equipes de resgate haviam retirado entre 50 e 60 pessoas com vida dos escombros. O terremoto sacudiu edifícios e causou pânico, levando a população a correr para as ruas.

A maior tragédia da capital ocorreu na escola Enrique Rébsamen, que desabou. Segundo o presidente Enrique Peña Nieto, 25 corpos foram encontrado­s – 21 eram de crianças. Dezenas de jovens estavam desapareci­dos.

O tremor ocorreu no mesmo dia em que se completava­m 32 anos do terremoto de 8,1 graus que deixou ao menos 10 mil mortos na capital mexicana. No momento do terremoto, várias pessoas participav­am justamente de um treinament­o para aprender a lidar com sismos de grande magnitude ( mais infor- mações nesta página).

Peña Nieto acionou ontem o Comitê Nacional de Emergência­s. Ele cancelou um evento em Oaxaca e sobrevoari­a de helicópter­o a capital para acompanhar a situação. “Ordenei esvaziar os hospitais com danos e transferir seus pacientes para outras unidades médicas”, escreveu o presidente no Twitter.

Segundo informaçõe­s preliminar­es, os edifícios afetados ficam principalm­ente na zona sul da capital mexicana, nos bairros Condesa, Roma, Del Valle, Navarte, Centro, Coyacán e Xochimilco. Um edifício também desmoronou na tradiciona­l Zona Rosa.

Equipes de resgate escavavam entre os escombros em busca de vítimas. Curiosos aplaudiram quando uma mulher foi retirada de um edifício que ruiu e os socorrista­s logo pediram silêncio para tentar ouvir pedidos de socorro. Fachadas de prédios também ruíram sobre pedestres e carros, muitos com pessoas dentro.

O abalo causou cortes no fornecimen­to de energia, vazamentos de gás, interrupçã­o no serviço de telefonia e a suspensão do funcioname­nto do metrô. As sacadas de alguns prédios se desprender­am com o intenso abalo. As aulas foram suspensas, assim como a sessão da Bolsa de Valores. O serviço de emergência informou que o Aeroporto Internacio­nal Benito Juárez suspendeu as operações, pois registrou rachaduras no chão. O epicentro foi registrado a 57 quilômetro­s de profundida­de, 7 quilômetro­s a oeste de Chiautla de Tapia, entre os Estados de Puebla e Morelos.

O Departamen­to de Proteção Civil mexicano informou que vários incêndios foram reportados em diversos prédios da Cidade do México. Foram registrada­s explosões e incêndios em vários bairros da capital. Quase 4 milhões ficaram sem energia elétrica.

“Estou consternad­a, não consigo conter o choro. É o mesmo pesadelo de 1985”, afirmou Georgina Sánchez, de 52 anos, que chorava em uma praça da capital. No dia 19 de setembro de 1985, o terremoto foi sentido com mais força que o do dia 8, o mais poderoso desde 1932 no México, que deixou 98 mortos no sul do país.

“Já tínhamos saído durante o terremoto, mas voltamos para pegar nossas coisas e tudo desabou, de repente não havia luz e senti que a parede estava inclinada sobre mim, por aí consegui me arrastar e sair pelo teto", disse Luis Pares, um engenheiro de 45 anos. “Consegui tirar pelo teto vários companheir­os que estavam no andar de baixo, quase todos incrivelme­nte sem lesões. Mas ainda não consigo acreditar – bem no 19 de setem- bro”, acrescento­u.

“Parecia que tudo ia cair”, disse o jogador paraguaio do América do México Cristhian Paredes, sobre o que viveu nesta no Estádio Azteca. Ele e os companheir­os correram do vestiário para o campo, quando se prepararam para uma partida contra o Cruz Azul.

De Nova York, onde participa da Assembleia-Geral da ONU, o presidente americano, Donald Trump, expressou apoio ao vizinho do sul, em cuja fronteira prometeu construir um muro para impedir a entrada de imigrantes. “Que Deus abençoe o povo mexicano. Estamos com vocês e estaremos lá para ajudá-los”, escreveu o americano no Twitter.

Trump mantém péssimas relações com o México e foi muito criticado por demorar demais para transmitir suas condolênci­as após o terremoto do dia 8. O governo brasileiro também manifestou ontem pesar pelos mortos no México. Segundo o Itamaraty, não havia registro de brasileiro­s entre as vítimas.

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ADRIANA ZEHBRAUSKA­S/THE NEW YORK TIMES Tragédia. Equipes de resgate e voluntário­s trabalham nos escombros de prédios que desabaram ontem nos arredores da Cidade do México
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RONALDO SCHEMIDT/AFP 1. Resgate Voluntário­s ajudam a socorrer vítimas 4.
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FRANCISCO CABALLERO GOUT/AP 4. Destruição Prédios inteiros desmoronar­am na capital
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PEDRO PARDO/AFP 2. ‘Silêncio’ Bombeiros reviram escombros
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RONALDO SCHEMIDT/AFP 3. Drama Mulher é socorrida na capital

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