O Estado de S. Paulo

Deputados mantêm as coligações para eleições de 2018

Plenário aprova PEC que proíbe alianças e estabelece cláusula de barreira para que siglas tenham acesso a tempo de TV e Fundo Partidário

- Isadora Peron Renan Truffi Thiago Faria / BRASÍLIA

O plenário da Câmara dos Deputados manteve as coligações para as eleições de 2018 e adiou a entrada em vigor do fim das alianças partidária­s para deputados e vereadores. O texto inicial, relatado pela deputada Shéridan (PSDB-RR), previa a medida já para as próximas eleições. Após um acordo, os parlamenta­res aprovaram, por 348 votos a favor e 87 contra, um destaque do PPS que empurra a medida para a disputa de 2020.

O plenário da Câmara aprovou na noite de ontem o fim das coligações para as eleições de deputados e vereadores a partir de 2020 e a regra que estabelece uma cláusula de barreira para que legendas tenham acesso ao Fundo Partidário e tempo de rádio e TV. O texto inicial, relatado pela deputada Shéridan (PSDBRR), previa o fim das coligações em 2018.

O texto-base da Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que trata desses temas também foi aprovado em segundo turno, mas os deputados deixaram os destaques para a próxima terçafeira. Somente depois disso a PEC poderá ser encaminhad­a ao Senado, onde também terá de passar por duas votações em plenário. Para ter validade já nas eleições do próximo ano, a proposta tem de ser promulgada pelo Congresso até 7 de outubro.

Pelo texto aprovado, no lugar das coligações, os partidos poderão se juntar em federações a partir de 2020. A diferença para o sistema atual é que as federações não podem se desfazer durante o mandato, isto é, as legendas terão de atuar juntas como um bloco parlamenta­r na legislatur­a.

Coligações. Pelas regras atuais que permanecem até 2018, diferentes partidos podem fazer alianças para eleger seus candidatos ao Legislativ­o. Dessa forma, se duas siglas antagônica­s se coligam, é possível que o voto em um candidato ajude a eleição de outro. Em um exemplo hipotético, o eleitor vota em um nome do PT, mais a esquerda, mas pode ajudar a eleger um nome do PP, um partido de centro-direita.

Essa medida beneficia partidos pequenos, que costumam se aliar a legendas mais fortes para garantir vagas na Câmara. Deputados do PC do B, por exemplo, comemorara­m a aprovação do destaque.

Alguns parlamenta­res, no entanto, criticaram a decisão. “A coligação é a raiz causadora dos problemas que estamos vivendo hoje. Você junta na mesma coligação partidos que pensam diferentes, o que não representa a vontade do eleitor”, disse o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA).

Fundo eleitoral. Sem uma solução para o financiame­nto de campanha a pouco mais de um ano da eleição, senadores apresentar­am ontem uma proposta alternativ­a de fundo eleitoral com dinheiro público. O texto chegou a ser colocado em discussão ontem, mas, sem consenso, o Senado adiou a votação para a próxima quarta-feira.

Segundo o líder do governo no S e na do, Romero J uc á (PMDB-RR), autor da proposta, o valor do fundo será de R$ 3,6 bilhões, o mesmo que estava em discussão na Câmara. A redação da proposta, porém, deixa aberta a possibilid­ade de aumentar os recursos com a edição de créditos adicionais, segundo técnicos do Congresso. O líder do governo, porém, nega que essa possibilid­ade exista. “Não abre brecha. O que não for gasto volta para o Tesouro.”

A proposta que cria o novo fundo foi elaborada com a ajuda de um grupo de cinco senadores formado para encontrar uma solução para políticos bancarem suas campanhas no que vem. Esse fundo seria abastecido com metade do valor que hoje é destinado no Orçamento às chamadas emendas de bancada. A previsão para o ano que vem é de R$ 4,4 bilhões em emendas de bancadas em 2018, o que resultaria em R$ 2,2 bilhões para o fundo.

A previsão de usar recursos de emendas, porém, criou um novo impasse nas discussões da reforma política e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), adiou a votação para a próxima terça-feira. O senador Ronaldo Caiado (DEMGO) argumenta que usar dinheiro das emendas significa, na prática, retirar recursos que seriam utilizados em áreas como saúde e educação.

Outra fonte de recursos prevista são as compensaçõ­es fiscais concedidas às emissoras de rádio e televisão que transmitem os programas partidário­s. Na prática, esses programas deixam de existir em anos não-eleitorais e o recursos poupados são transferid­os para financiar as campanhas eleitorais.

Jucá, porém, abre a possibilid­ade de o valor ser acrescido ao prever que o fundo seja constituíd­o “por meio de dotações consignada­s na Lei Orçamentár­ia Anual e nas leis de créditos adicionais cuja execução deva ocorrer no ano eleitoral”. Para os técnicos do Congresso, esse trecho deixa em aberto que o Executivo possa editar créditos via Medida Provisória, por exemplo, para destinar outros recursos.

A proposta determina ainda que o fundo será gerido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Pela proposta de Jucá, a menor parte, 2%, será distribuíd­a entre todos os partidos registrado­s no TSE – atualmente, são 35. Outros 49% devem ser divididos entre os partidos na proporção de votos obtidos na última eleição para a Câmara. Há ainda a previsão de que 34% seja repassado na proporção do número de representa­ntes na Câmara no dia 10 de agosto de 2017. O restante dos recursos, 15%, devem ser divididos entre os partidos, tendo como base a proporção das bancadas no Senado também no dia 10 de agosto de 2017.

‘Raiz’

“A coligação ( nas eleições proporcion­ais) é a raiz causadora dos problemas que estamos vivendo hoje. Você junta na mesma coligação partidos que pensam diferentes, o que não representa a vontade do eleitor.” Hildo Rocha (PMDB-MA)

DEPUTADO FEDERAL

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Sessão. Plenário da Câmara votou contra proposta da deputada Shéridan (PSDB) sobre fim das coligações no ano que vem

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