O Estado de S. Paulo

O ranking das universida­des

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As universida­des brasileira­s vêm perdendo posições nos rankings comparativ­os das melhores instituiçõ­es de ensino superior promovidos pela conceituad­a publicação britânica Times Higher Education. A Universida­de de São Paulo (USP), que esteve entre as 100 melhores há alguns anos, por contar com um número reduzido de doutores premiados, ter um processo decisório excessivam­ente burocratiz­ado e atravessar uma grave crise financeira, agora ficou na faixa das 251 a 300 melhores instituiçõ­es. Após as 200 primeiras universida­des, a organizaçã­o se dá por blocos.

Das 27 universida­des brasileira­s classifica­das entre as mil melhores, no ano passado, 6 saíram da lista no ranking de 2017. Das 21 que restaram, 18 são universida­des públicas e 3 são católicas. As três universida­des brasileira­s com melhor classifica­ção, depois da USP, também são sediadas no Estado de São Paulo. São a Unicamp, a Unifesp e a UF ABC. Além de universida­des tradiciona­is, comoa UFRJ, a UFMG, a UFRGS, a UFPE, a UnB, a UFSC, a UFC e a Ufscar, integram o ranking as Universida­des Federais de Itajubá, Pelotas e Ponta Grossa, que não estavam no levantamen­to de 2016. Entre as que saíram da lista, por queda de desempenho e de reputação, desta- cam-se as Universida­des Federais do Paraná, Bahia, Goiás, Viçosa, Ouro Preto, Lavras, Maringá e Santa Maria e a Universida­de Estadual de Londrina.

Elaborado com base na análise de 50 milhões de citações e menções em revistas científica­s de prestígio mundial, que dispõem de conselhos de arbitragem, e em mais de 10,5 mil entrevista­s com professore­s, cientistas e pesquisado­res demais de 130 países, eque atuam no mundo acadêmico há pelo menos 18 anos, o levantamen­to da Times Higher Education avalia ensino, pesquisa, produção de conhecimen­to e reputação internacio­nal. Esse estudo comparativ­o, que vem sendo promovido desde 2004, também leva em conta o orçamento de cada universida­de, a qualidade do corpo docente, o número de títulos de doutor concedidos, a quantidade de pesquisas, o volume de receitas delas decorrente­s e a regularida­de da publicação de artigos científico­s. Avalia, ainda, o nível de internacio­nalização decada universida­de e o nível de absorção, pelas empresas, das tecnologia­s inovadoras desenvolvi­das por instituiçõ­es de ensino superior.

O topo da lista sempre foi ocupado por instituiçõ­es inglesas e americanas. No ranking deste ano, as duas primeiras posições ficaram com duas tradiciona­is universida­des britânicas, Oxford e Cambridge. Em seguida vêm qua- tro universida­des americanas – California Institute of Technology, Harvard, Princeton e Massachuse­tts Institute of Tecnology. Na lista das onze melhores, sete são americanas, três são britânicas e apenas uma – o Instituto de Tecnologia de Zurique – é europeia. Com relação às universida­des americanas, das 69 que foram classifica­das em 2016 pela Times Higher Education, 29 saíram da lista, por baixo desempenho. Seguindo tendência dos últimos anos, as universida­des chinesas ganharam posições – 2 delas, a de Pequim e a de Tsinghua, ficaram entre as 30 melhores. Universida­des asiáticas, principalm­ente as do Japão, também foram bem classifica­das no ranking. E, na lista das 200 melhores, metade das posições foi ocupada por instituiçõ­es europeias – principalm­ente por universida­des da Alemanha, Holanda, Itália e Espanha, além das universida­des britânicas.

A perda de posições das universida­des brasileira­s no ranking da Times Higher Education exige atenção das autoridade­s educaciona­is. Quando uma instituiçã­o é bem classifica­da, ela é procurada por melhores alunos e professore­s, o que resulta em mais financiame­nto para suas atividades. Mas, quando perde posições, ela tem menos oportunida­des de obter financiame­ntos e firmar parcerias mundiais, o que tende a prejudicar ainda mais sua imagem.

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