O Estado de S. Paulo

Região de tremores

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1. Por que o México é atingido por fortes terremotos?

O México é mais suscetível a fortes tremores porque fica em uma chamada “zona de subducção”, isto é, uma área de convergênc­ia de placas tectônicas, na qual uma das placas desliza por debaixo da outra. No caso do México, a placa oceânica – a de Cocos – está gradualmen­te afundando sob uma placa continenta­l – a da América do Norte. Com o tempo, o estresse causado pela fricção entre as placas se torna tão grande que a energia reprimida é liberada em forma de terremoto. “A zona de subducção foi responsáve­l pelos dois recentes abalos ao longo da costa da América Central, do centro do México ao Panamá”, disse Gavin Hayes, um geofísico do Instituto de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos. Outras zonas de subducção são encontrada­s em várias partes do globo e os especialis­tas dizem que elas são responsáve­is pelos mais poderosos ter- remotos já ocorridos. Na realidade, terremotos com 9 graus na escala Richter ou mais só ocorrem nas áreas de subducção, disse Hayes. Exemplos de grandes abalos incluem um de 9,1 graus que ocorreu no Japão, em 2011, um de 9,2 graus na Indonésia, em 2004, um de 9,2 graus que afetou o Alasca, na Sexta-Feira Santa, em 1964, e o de 9,5 graus do Chile, em 1960 – o mais forte já registrado.

2. Por que os tremores no México não são sempre fortes?

Os dois terremotos que afetaram o México este mês ocorreram na Placa de Cocos, em vez de entre a Placa de Cocos e a Placa da América do Norte. Sismos entre placas fronteiriç­as geralmente envolvem grandes falhas, por isso liberam mais energia, provocando tremores em amplas áreas. “Mas também geralmente ocorrem mais distantes da superfície”, afirmou Hayes. Terremotos que ocorrem dentro das placas costumam ser mais fracos, mas próximos à superfície. Consequent­emente podem causar mais danos. O tremor do dia 8, também no México, foi mais forte do que o de terça-feira, mas os especialis­tas dizem que ele teve menor impacto, pois o epicentro foi registrado longe de áreas densamente povoadas. Segundo Hayes, o recente abalo ocorreu muito perto da Cidade do México porque a cidade está sobre uma base sedimentar, sobre um antigo lago. Esse tipo de geologia amplifica o tremor mais do que em uma área com mais pedras.

3. Com qual frequência os terremotos fortes ocorrem?

Normalment­e, ao menos um terremoto de 8 graus ou mais ocorre em algum lugar do mundo anualmente. “Há dezenas de tremores de 7 graus ou mais todo ano”, explica Hayes. Segundo ele, 2017 tem sido um ano “calmo” em termos de terremotos. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, cerca de 4.200 sismos de 4,5 graus ou mais foram registrado­s este ano. No mesmo período, em 2016 e 2015, ocorreram 5.100. Em 2014, foram quase 6 mil.

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