Madri prende líderes catalães por plebiscito
Autoridades espanholas prenderam ontem 14 pessoas acusadas de organizar o plebiscito sobre a independência da Catalunha, marcado para o dia 1.º. A ação policial, de amplitude e natureza inéditas desde o fim da ditadura de Francisco Franco, entre 1939 e 1975, ampliou a tensão entre Madri e Barcelona, uma vez que a maior parte dos presos era do governo autônomo catalão.
O caso representa um marco na luta dos independentistas, que acusaram o governo espanhol de usar a força para suspender, na prática, a autonomia regional. Entre os presos está Oriol Junqueras, ministro catalão da Economia, tido como um dos organizadores da consulta popular. O plebiscito é considerado ilegal pelo Executivo e pelo Tribunal Supremo da Espanha.
O premiê espanhol, Mariano Rajoy, também rejeita negociar a realização de qualquer tipo de consulta popular oficial sobre a soberania da região, definida pelo chefe de governo como “separatista” e “inconstitucional”. Entre os objetos apreendidos durante a operação estão 1,5 milhão de cédulas de votação e material eleitoral, além de equipamentos de informática utilizados para a eleição.
“A operação foi ordenada após a decisão de juízes, para que a legalidade seja respeitada”, justificou Rajoy. O premiê ameaçou ainda cortar os salários do funcionários públicos da Catalunha que persistam na desobediência.
A tensão em torno do plebiscito vinha crescendo desde o dia 7, quando o Parlamento da Catalunha aprovou as regras da consulta popular. Em resposta à operação policial, o presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont, prometeu manter a consulta. Nas ruas de Barcelona, um protesto reuniu ontem cerca de 40 mil pessoas.