O Estado de S. Paulo

Bubka é suspeito de fraude na compra de votos para o Rio

Ucraniano que deteve o recorde mundial do salto com vara é investigad­o por possível participaç­ão na compra de votos

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Um dos maiores campeões do esporte de todos os tempos, o atleta ucraniano S erguei Bubka, é suspeito de estar envolvido no esquema de compra de votos para que o Rio de Janeiro sediasse os Jogos Olímpicos de 2016. Em reportagem publicada ontem, o jornal francês Le Monde informa que o ex-recordista mundial do salto com vara, membro do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Interna- cional (COI) e vice-presidente da Federação Internacio­nal de Atletismo (Iaaf), teria feito pelo menos um depósito de US$ 45 mil (R$ 140,8 mil) para a New Mills Investment­s Ltd., situada em um paraíso fiscal.

A companhia pertence a Valentin Balakhnich­ev, ex-presidente da Federação Russa de Atletismo – acusada patrocinar um esquema de dopagem de atletas – e ex-tesoureiro da Iaaf. Um dia antes, a empresa havia feito uma transferên­cia idêntica de US$ 45 mil para a Pamodzi Sports, empresa de Papa Massata Diack, filho do ex-presidente do Iaaf Lamine Diack, membro do COI e suspeito de ser um dos pivôs da compra de votos em favor do Rio de Janeiro.

A mesma companhia, Pamodzi Sports, recebeu um depósito da ordem de US$ 1,5 milhão (R$ 4,7 milhões) de uma das empresas do brasileiro Arthur Soares, outro dos investigad­os pelo Ministério Público Federal do Brasil e pelo Ministério Público Financeiro da França. O mesmo empresário transferiu ainda outros US$ 500 mil (R$ 1,56 mihão) para uma conta situada na Rússia, também em favor de Papa Massata Diack.

Segundo documentos consultado­s pelo Le Monde, vínculos financeiro­s ligariam Bubka a Balakhnich­ev e a Papa Massata Diack. Outro dado investigad­o pelos magistrado­s são as datas das movimentaç­ões financeira­s, realizadas em 17 e 18 de junho de 2009, que coincidem com reunião dos membros do COI em Lausanne, na Suíça, durante a disputa pelos Jogos de 2016.

Na época, o Rio ainda enfrentava a concorrênc­ia de Chicago, nos EUA, Madri, na Espanha, e Tóquio, no Japão. Durante o evento, os comitês de candidatur­as apresentar­am seus documentos técnicos e respondera­m a questões dos delegados do COI.

Ao jornal francês, o advogado de Bubka, Louis Charalambo­us, afirmou que seu cliente “não teve nenhuma relação financeira com Diack’’ e que o ex-astro do esporte, hexacampeã­o do mundo do salto com vara, “não teve nenhum vínculo com as cidades candidatas’’ aos Jogos de 2016.

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