A luta para criar novas estrelas para o País
Empresário de Esquiva Falcão e Robson Conceição fala sobre a missão de renovar a nobre arte no Brasil
O boxe no Brasil passou por maus momentos na última década. Entre outros problemas, o País viu Acelino Popó Freitas perder o título mundial e para piorar, empresários se aproveitaram da popularidade do esporte para enganar atletas. Contudo, uma nova geração pode ajudar a fazer renascer o interesse do torcedor brasileiro pela ‘nobre arte’, e parte do trabalho para criar novos campeões passa por um gerenciamento de carreira eficiente. Esse é o papel que Sérgio Batarelli tenta desempenhar pelos medalhistas olímpicos Esquiva Falcão e Robson Conceição.
O trabalho visa sempre o longo prazo, segundo Batarelli. “Demora de quatro a seis anos para poder lutar pelo título mundial”, afirma. Esquiva Falcão é acompanhado pelo empresário desde 2013, e pode lutar cinturão em 2018. Nesse período, o boxeador capixaba lutou 16 vezes e venceu todas, sendo 12 por nocaute. Robson fez sua estreia no profissional em 2016 e lutou quatro vezes, também vencendo todas.
Duas questões a serem gerenciadas pela equipe são a frequência das lutas e a qualidade dos adversários. “Por ano, geral- mente são seis ou sete lutas, mas pode fazer até doze, dependendo do número de eventos e se as lutas foram duras, de oito assaltos ou dez assaltos. Se o cara levou muito golpe, vai precisar de um tempo para recuperar. Mas nunca se pode ficar mais de seis meses sem lutar e vencer, se não cai no ranking”, diz Batarelli.
Quanto aos adversários, o ex-lutador diz que um pouco de ousadia pode ser necessária. “Não posso colocar o meu boxeador para enfrentar só caras fracos, se não ele vai ter uma falsa confiança, não vai evoluir, e quando pegar alguém mais forte, vai rodar. Um exemplo é quando coloquei um dos meus boxeadores, o Paulinho Soares, para lutar com um cara bem mais experiente, que tinha 22 vitórias e quatro derrotas. Todo mundo achou que eu era louco, mas ele venceu a luta em dez assaltos”, relata.
Outro aspecto fundamental é o acompanhamento constante. “O atleta precisa ter compromisso, estar em boa condição mental e psicológica. Por isso, além de treinador e preparador físico, temos também psicólogo. Tudo que envolve o lutador afeta a carreira dele. E cuidamos para manter a cabeça no lugar depois da fama, porque é comum se perder. Até treinar demais pode atrapalhar.”
Para vender a imagem dos atletas, a aposta é no crescimento deles durante a carreira, atraindo mais interesse confor-
me se aproximam da disputa pelo título mundial. As últimas lutas de Esquiva e Robson foram transmitidas pelo SporTV, que tem contrato com a Top Rank, empresa da qual Batarelli é o representante no Brasil. Ao mesmo tempo, o manager fala da vontade em trazer uma luta de um dos principais nomes que agencia para o Brasil. “O Esquiva deve lutar agora em dezembro, se vencer, pode se credenciar para desafiar o campeão mundial. Ao mesmo tempo, o japonês que o derrotou naquela luta polêmica na final da Olimpíada pode se tornar o campeão. Se uma luta entre os dois for confirmada, pensamos em fazer em São Paulo, onde tem uma grande comunidade japonesa, ou em Tóquio”. Para Batarelli, somente um novo ídolo, pode voltar a tornar o esporte popular no Brasil novamente.
Boxing For You. Em busca de novos talentos, o empresário tem um evento próprio, o Boxing For You, que caminha para sua quarta edição. As duas primeiras edições foram transmitidas pelo canal BandSports, a última pelo SporTV, mesmo que transmitirá o próximo evento. A principal luta será entre Paulinho Soares e o chileno Jose Velasquez, pelo título latino da Organização Mundial de Boxe. A luta acontecerá no próximo sábado, na sede Juventus, em São Paulo, a partir das 20h.