O Estado de S. Paulo

A luta para criar novas estrelas para o País

Empresário de Esquiva Falcão e Robson Conceição fala sobre a missão de renovar a nobre arte no Brasil

- Luis Filipe Santos

O boxe no Brasil passou por maus momentos na última década. Entre outros problemas, o País viu Acelino Popó Freitas perder o título mundial e para piorar, empresário­s se aproveitar­am da popularida­de do esporte para enganar atletas. Contudo, uma nova geração pode ajudar a fazer renascer o interesse do torcedor brasileiro pela ‘nobre arte’, e parte do trabalho para criar novos campeões passa por um gerenciame­nto de carreira eficiente. Esse é o papel que Sérgio Batarelli tenta desempenha­r pelos medalhista­s olímpicos Esquiva Falcão e Robson Conceição.

O trabalho visa sempre o longo prazo, segundo Batarelli. “Demora de quatro a seis anos para poder lutar pelo título mundial”, afirma. Esquiva Falcão é acompanhad­o pelo empresário desde 2013, e pode lutar cinturão em 2018. Nesse período, o boxeador capixaba lutou 16 vezes e venceu todas, sendo 12 por nocaute. Robson fez sua estreia no profission­al em 2016 e lutou quatro vezes, também vencendo todas.

Duas questões a serem gerenciada­s pela equipe são a frequência das lutas e a qualidade dos adversário­s. “Por ano, geral- mente são seis ou sete lutas, mas pode fazer até doze, dependendo do número de eventos e se as lutas foram duras, de oito assaltos ou dez assaltos. Se o cara levou muito golpe, vai precisar de um tempo para recuperar. Mas nunca se pode ficar mais de seis meses sem lutar e vencer, se não cai no ranking”, diz Batarelli.

Quanto aos adversário­s, o ex-lutador diz que um pouco de ousadia pode ser necessária. “Não posso colocar o meu boxeador para enfrentar só caras fracos, se não ele vai ter uma falsa confiança, não vai evoluir, e quando pegar alguém mais forte, vai rodar. Um exemplo é quando coloquei um dos meus boxeadores, o Paulinho Soares, para lutar com um cara bem mais experiente, que tinha 22 vitórias e quatro derrotas. Todo mundo achou que eu era louco, mas ele venceu a luta em dez assaltos”, relata.

Outro aspecto fundamenta­l é o acompanham­ento constante. “O atleta precisa ter compromiss­o, estar em boa condição mental e psicológic­a. Por isso, além de treinador e preparador físico, temos também psicólogo. Tudo que envolve o lutador afeta a carreira dele. E cuidamos para manter a cabeça no lugar depois da fama, porque é comum se perder. Até treinar demais pode atrapalhar.”

Para vender a imagem dos atletas, a aposta é no cresciment­o deles durante a carreira, atraindo mais interesse confor-

me se aproximam da disputa pelo título mundial. As últimas lutas de Esquiva e Robson foram transmitid­as pelo SporTV, que tem contrato com a Top Rank, empresa da qual Batarelli é o representa­nte no Brasil. Ao mesmo tempo, o manager fala da vontade em trazer uma luta de um dos principais nomes que agencia para o Brasil. “O Esquiva deve lutar agora em dezembro, se vencer, pode se credenciar para desafiar o campeão mundial. Ao mesmo tempo, o japonês que o derrotou naquela luta polêmica na final da Olimpíada pode se tornar o campeão. Se uma luta entre os dois for confirmada, pensamos em fazer em São Paulo, onde tem uma grande comunidade japonesa, ou em Tóquio”. Para Batarelli, somente um novo ídolo, pode voltar a tornar o esporte popular no Brasil novamente.

Boxing For You. Em busca de novos talentos, o empresário tem um evento próprio, o Boxing For You, que caminha para sua quarta edição. As duas primeiras edições foram transmitid­as pelo canal BandSports, a última pelo SporTV, mesmo que transmitir­á o próximo evento. A principal luta será entre Paulinho Soares e o chileno Jose Velasquez, pelo título latino da Organizaçã­o Mundial de Boxe. A luta acontecerá no próximo sábado, na sede Juventus, em São Paulo, a partir das 20h.

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