O Estado de S. Paulo

Gabriel Villela resgata Zé Vicente

- JOÃO WADY CURY E-MAIL: JOAO.CURY@ESTADAO.COM BLOG: CULTURA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/ARCENICO

Oteatro tem a capacidade única de reagir à mesmice, à tirania e expor o que nos foi escondido. É este o caminho escolhido pelo diretor mineiro, que está em Curitiba para sua próxima montagem, que estreia em 17 de novembro no Teatro Guaíra. A reação de Villela tem nome: Hoje É Dia de Rock, do dramaturgo José Vicente (19452007), símbolo do movimento de contracult­ura dos anos 60 e 70. É algo capaz de chacoalhar a cachola do vivente para o que realmente importa. “Vivemos mo- mentos de ódio e polarizaçã­o, em que energias negativas nos rondam. A mensagem que devemos passar pra moçada é outra: caiam fora disso, deixem o ódio de lado. Vamos jogar luz nas trevas”, diz Villela.

TODO DIA É DIA DE ROCK A peça de José Vicente marcou história. Estreou no Teatro Ipanema, no Rio, em 1971, pelas mãos de dois magos: Rubens Corrêa e Ivan de Albuquerqu­e. Sobrou pouco para os outros. A dupla abalou os urdimentos do teatro nacional, permanecen­do em cartaz por dois anos, com lotação esgotada. Não é pouco, ainda mais para aqueles anos 70 sob as garras do general Médici. Quem sabe a montagem de Gabriel Villela, inspirado pela dupla Corrêa-Albuquerqu­e, nos traga elementos que somente a arte pode nos dar: ultrapassa­r o olhar banal e raso dos fatos que vivemos.

VIDA EM NEGATIVO

O ator Edwin Luisi (acima, à direita), paulistano da gema, volta à cidade com nova montagem, agora, comemorand­o 45 anos de carreira. Ele chega com Alair, peça de Gustavo Pinheiro (o mesmo de A Tropa), em homenagem ao fotógrafo Alair Gomes (1921-1992) – um dos precursore­s da fotografia homoerótic­a no Brasil, com mais de 170 mil imagens em negativos que têm como tema o corpo masculino. Estreia marcada para 6 de outubro, no Teatro Nair Bello.

FALABELLA AGAIN

Já tem data e local a nova montagem de Miguel Falabella na cidade. O Som e a Sílaba estreia dia 6 de outubro, no Teatro Porto Seguro, e leva sua assinatura no texto e na direção. Trata da história de Sarah Leighton, vivida por Alessandra Maestrini, e sua relação com a professora de canto Leonor Delise (Mirna Rubim). Sarah sofre de autismo funcional, com talento especial em música.

COMISSÃO

Um grupo de 40 artistas e curadores ligados à classe teatral paulistana escolheu, na tarde de quarta, 20, em reunião no Teatro Oficina, quatro representa­ntes para formar uma comissão e discutir a questão da privatizaç­ão do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) com o Ministério da Cultura. O grupo deve procurar o ministro Sergio Sá Leitão nos próximos dias para requerer audiência. Fazem parte da comissão, entre outros, o curador de teatro da Biblioteca Mário de Andrade, Alvaro Machado.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Villela. Reação ao ódio
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ELISA MENDES
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