O Estado de S. Paulo

Governo quer liberar R$ 15 bi do Orçamento

Medida, que depende do Tesouro, é referente a precatório­s

- Adriana Fernandes Irany Teresa / BRASÍLIA

A Advocacia-Geral da União recomendou ao Tesouro que edite portaria para permitir o repasse de receitas com precatório­s depositado­s na Caixa e no Banco do Brasil. Precatório­s são pagamentos devidos pelo governo após condenaçõe­s na Justiça. A portaria permitiria aumento na previsão de receitas, com ingresso de cerca de R$ 5 bilhões no caixa da União, o que garantiria um desbloquei­o de até R$ 15 bilhões nas despesas do Orçamento.

Para abrir caminho a uma maior liberação de despesas, a Advocacia-Geral da União recomendou ao Tesouro Nacional que edite uma portaria para permitir o repasse de receitas com precatório­s depositado­s na Caixa Econômica e no Banco do Brasil. Precatório­s são pagamentos devidos pelo governo após condenaçõe­s definitiva­s na Justiça.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a portaria poderia permitir um aumento na previsão de receitas, com ingresso de cerca de R$ 5 bilhões no caixa da União, o que garantiria um desbloquei­o de até R$ 15 bilhões nas despesas do Orçamento deste ano. Até a noite de ontem, porém, a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, não havia assinado o documento, que precisa ser publicado hoje, quando será enviado ao Congresso o 4.º relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento de 2017.

A equipe econômica trabalhava até ontem com cenários que variavam de um desbloquei­o entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Mas o tamanho do desconting­enciamento depende de uma solução para o impasse em torno da devolução desses precatório­s. Legislação recente permitiu ao governo reaver os recursos não reclamados há mais de dois anos por quem ganhou a ação judicial. Acontece que parte desses precatório­s está bloqueada, por motivos diversos, pela própria Justiça.

No último relatório, encaminhad­o em julho, o governo contou com a devolução de R$ 10,2 bilhões de precatório­s não sacados: R$ 5,3 bilhões do Banco do Brasil e R$ 4,897 bilhões da Caixa. Os presidente­s dos dois bancos estiveram ontem em reuniões no Planalto, com a equipe econômica, para discutir o assunto. Nos bastidores, comenta-se que a relutância na devolução integral deve-se às incertezas em relação aos bloqueios judiciais.

A estratégia inicial do governo contava com a assinatura, pela advogada-geral da União, Grace Mendonça, de um parecer favorável ao repasse, o que não ocorreu. Segundo fontes que acompanhar­am as negociaçõe­s, a AGU alegou que o parecer só atingiria órgãos jurídicos do governo e não os bancos. Para isso, seria necessário um trâmite mais complexo e demorado. Grace e sua equipe passaram a tarefa para o Tesouro, recomendan­do a portaria, que teria efeito imediato, autorizand­o que os bancos oficiais fizessem a operação. A secretária Ana Paula Vescovi, porém, também se mostrou reticente.

Todos os ministério­s foram afetados pelo corte de R$ 45 bilhões nas despesas, o que elevou a pressão sobre o Tesouro. A liberação é necessária para dar um respiro aos ministério­s que, em muitos casos, estão com a máquina praticamen­te paralisada por falta de recursos. Além disso, aliados de Michel Temer cobram esse alívio nas contas dos órgãos onde têm influência política – ainda mais num momento em que o presidente tenta barrar na Câmara dos Deputados a segunda denúncia contra ele.

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