O Estado de S. Paulo

Governo libera R$ 12,8 bilhões do Orçamento

Contas. Desse valor, R$ 1 bilhão será destinado a emendas parlamenta­res, o que deve ser usado pelo Planalto nas negociaçõe­s com o Congresso em relação à nova denúncia contra o presidente Temer; liberação total foi maior que a que vinha sendo anunciada

- / IDIANA TOMAZELLI, EDUARDO RODRIGUES, FABRÍCIO DE CASTRO E ADRIANA FERNANDES

O governo anunciou ontem a liberação de R$ 12,8 bilhões que estavam bloqueados no Orçamento deste ano e vai tentar obter mais recursos para um afrouxamen­to adicional. A medida trará alívio para os ministério­s, que corriam risco de paralisar a prestação de serviços à população por falta de dinheiro. Partidos aliados vinham pressionan­do o governo por mais verbas.

O governo anunciou ontem uma liberação de R$ 12,824 bilhões que estavam bloqueados no Orçamento deste ano e vai tentar obter mais recursos para conseguir um afrouxamen­to adicional. A medida vai trazer um alívio para os ministério­s, que corriam risco de paralisar a prestação de serviços à população por conta da falta de dinheiro. Os partidos que têm ministros vinham pressionan­do o governo por causa disso.

A medida também agrada aos parlamenta­res, que terão mais R$ 1 bilhão para aplicar em emendas. Isso deve contribuir para azeitar as negociaçõe­s entre o governo e o Congresso em relação à nova denúncia da Procurador­ia-Geral da República contra o presidente Michel Temer, que chegou ao Parlamento na quinta-feira.

A liberação dos recursos do Orçamento – maior até do que o próprio governo vinha anunciando antes, de até R$ 10 bilhões – só foi possível porque o Congresso autorizou a equipe econômica a fechar o ano com um rombo nas contas públicas superior ao previsto, de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões.

A liberação também foi garantida porque o governo elevou sua confiança na arrecadaçã­o de R$ 11 bilhões com o leilão, na quarta-feira, de usinas que pertenciam à Cemig. A empresa havia conseguido uma liminar que impedia o leilão, mas a decisão foi derrubada pelo Superior Tribunal de Justiça.

O Tribunal de Contas da União (TCU) já alertou sobre as incertezas em torno dessas receitas, mas o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, buscou transmitir confiança no resultado. “Basicament­e, temos dois leilões (no dia 27): o de petróleo e o da Cemig. Atualmente, nada leva a crer que eles não serão bem-sucedidos. Pelo contrário, temos muitos interessad­os nos leilões”, afirmou.

A expectativ­a da equipe econômica inclusive é de que o leilão seja disputado, rendendo ágio (valor acima do preço mínimo) aos cofres da União. Se isso ocorrer, esse dinheiro pode ser usado como um “colchão” para liberar mais despesas, uma vez que o alívio de R$ 12,8 bilhões “é pequeno” diante das restrições impostas aos órgãos, disse o ministro. As áreas que mais preocupam, segundo ele, são segurança, defesa, educação, ciência e tecnologia e a rede de atendiment­o à população.

Economista­s são céticos sobre a capacidade do governo de fazer outra liberação de despesas, diante do risco de a frustração de receitas aumentar até o fim do ano. O ministro demonstrou otimismo e afirmou que a recuperaçã­o da arrecadaçã­o deve prevalecer. Para o economista Raul Velloso, o desbloquei­o anunciado e a promessa de abrir mais a torneira mostram a dificuldad­e do governo em cortar gastos em meio à pressão do Congresso.

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