O Estado de S. Paulo

DEM avalia Doria em candidatur­a própria

Prefeito de São Paulo se apresentou abertament­e como candidato a presidente em um jantar, anteontem, com líderes do partido aliado

- Pedro Venceslau

Aliado do PSDB desde o primeiro mandato presidenci­al de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), o DEM decidiu que não será mais linha auxiliar dos tucanos na disputa pelo Palácio do Planalto em 2018. Segundo um integrante da sigla, foi com essa premissa que a cúpula do partido desembarco­u anteontem em São Paulo para um jantar na casa do prefeito tucano João Doria.

No momento em que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), é o fiador da estabilida­de política do Governo Federal e espera ampliar a bancada de 31 para 50 deputados na Câmara, o DEM passou a ver em Doria um caminho para o protagonis­mo.

No encontro, segundo relato de participan­tes, o prefeito se apresentou abertament­e como pré-candidato, embora tenha o tempo todo ressaltado o “res- peito e a amizade” ao governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político.

Também pré-candidato, Alckmin recebeu o DEM em um jantar em julho. Na ocasião, a divulgação de que a reunião seria uma sinalizaçã­o de apoio ao projeto do governador irritou Maia, que negou publicamen­te.

Dessa vez, o tom foi outro. “Se essa fosse a decisão do PSDB, e se o DEM não tivesse candidato, qual seria a melhor opção que não apoiar Doria?”, disse o presidente da Câmara a jornalista­s antes do jantar.

Em caráter reservado, duas lideranças do DEM que estiveram no jantar fizeram a mesma avaliação: Doria seria no DEM um candidato mais competitiv­o que Alckmin no PSDB. Por essa análise, o eleitor, hoje, não embarcaria em uma candidatur­a “burocrátic­a” e “convencion­al”. Além disso, se apoiar Alckmin, o DEM novamente será coadjuvant­e.

Quando questionad­o ontem por jornalista­s sobre o encontro com o DEM, o prefeito de São Paulo desconvers­ou. “Foi um bom jantar. Falamos muito sobre a proteção ao Brasil, agora que a economia começa a se recuperar”, disse.

Além de Maia, também estavam presentes o prefeito de Salvador, ACM Neto, o ministro da Educação, Mendonça Filho, e o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). Quando questionad­o se ficou feliz com a declaração de Maia, o prefeito respondeu: “Fiquei. Quem não ficaria feliz com uma declaração dessas?” Doria negou, porém, que a sucessão presidenci­al tenha sido tema do jantar.

Divisão. A aproximaçã­o do DEM com Doria não é consenso no partido. Uma ala da sigla prega a manutenção da aliança com os tucanos em 2018 e vê Alckmin como um candidato capaz e mais competitiv­o. Para o senador José Agripino (RN), presidente do DEM, o jantar de anteontem foi “um mero ato de boa convivênci­a”. “A relação do DEM com o PSDB é muito boa. Não vamos criar indisposiç­ão com o PSDB de São Paulo”, afirmou ao Estado.

A “opção” Doria é defendida com entusiasmo por aliados do prefeito de Salvador, ACM Neto, que deve disputar o governo da Bahia em 2018. Esse grupo acredita que Doria teria mais aceitação na região Nordeste que Alckmin. Além do DEM, pelo menos outros quatro partidos teriam sondado o prefeito de São Paulo para 2018. Em entrevista ao Estado no começo do mês, Doria sinalizou que pode deixar o PSDB. “Pretendo continuar, até que alguma circunstân­cia me impeça disso.”

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MARCELO CHELLO/CJPRESS - 21/9/2017 Plano. Para Rodrigo Maia, Doria é a ‘melhor opção’ caso o DEM não tenha candidato próprio a presidente

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