O Estado de S. Paulo

Em último discurso, Merkel é vaiada em Munique.

Durante discurso em Munique, chanceler ironiza manifestan­tes, ligados ao AfD, de extrema direita, e diz que futuro não será moldado com vaias e gritos

- Andrei Netto ENVIADO ESPECIAL / BERLIM

A chanceler da Alemanha, a democrata-cristã Angela Merkel, e seu principal rival, o social-democrata Martin Schulz, encerraram ontem a disputa pela chefia do governo da maior potência econômica da União Europeia.

Líder de todas as pesquisas de intenção de voto, Merkel foi vaiada em seu último comício, em Munique, enquanto seu opositor subiu o tom das críticas na esperança de evitar uma nova derrota do seu Partido SocialDemo­crata (SPD) – a quarta consecutiv­a.

A chanceler esteve ontem na Baviera. Desde que seu nome foi anunciado nos alto-falantes, um grupo de manifestan­tes, supostamen­te ligados ao partido de extrema direita Alternativ­a para a Alemanha (AfD), começou a vaiá-la.

Eles prosseguir­am ao longo de todo o discurso, sem que Merkel perdesse a paciência. Em dado momento, ela ironizou os manifestan­tes. “Certamente, não vamos moldar o futuro com vaias e gritos”, afirmou, interrompe­ndo o discurso no qual pediu mobilizaçã­o pelo voto dos indecisos.

A estratégia de vaiar os comícios de Merkel já havia sido utilizada antes por membros da direita populista alemã, que cresceu no cenário político e deve superar pela primeira vez a cláusula de barreira – o porcentual mínimo de votos para obter vagas no Parlamento.

Em seu último ato de campanha, em Berlim, Schulz voltou a atacar a chanceler, acusando-a de falta de sensibilid­ade e de visão de futuro, de menospreza­r a precarieda­de no trabalho e a desigualda­de, que estaria evidente no desequilíb­rio de salários entre homens e mulheres.

Assim como Merkel, Schulz

Reta final “Certamente, não vamos moldar o futuro com vaias e gritos” Angela Merkel

CHANCELER DA ALEMANHA

também atacou os líderes do AfD, que definiu como “uma vergonha para o país”. Segundo as últimas pesquisas, a CDU, de Merkel e seu maior aliado, a União Social-Cristã (CSU, de direita), devem obter entre 34% e 36% dos votos. Schulz e o SPD têm entre 21% e 22% das intenções de voto.

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THOMAS KIENZLE/AFP Na dianteira. Merkel tem até 36% das intenções de voto

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