May propõe transição de 2 anos após Brexit
Premiê britânica diz que, durante esse período, as relações entre seu país e a UE permaneceriam intactas, para assegurar saída “tranquila e ordenada”
Determinada a relançar as negociações de saída da União Europeia, a primeira-ministra britânica, Theresa May, defendeu ontem um período de dois anos de transição e prometeu honrar os compromissos financeiros com o bloco.
“Atravessamos um período crítico, mas quando nos unimos podemos alcançar bons resultados”, declarou a premiê em Florença, na Itália, no primeiro discurso sobre o Brexit desde o pronunciado em janeiro, em Londres.
Ansiosa para tranquilizar seus parceiros europeus, ela repetiu que, apesar do Brexit, o Reino Unido “não virará as costas para a UE”. “O sucesso das negociações sobre o Brexit é do interesse de todos”, insistiu, acrescentando querer um “futuro melhor” para todos os cidadãos europeus.
Em um ponto-chave de seu discurso, May propôs um período de transição de “cerca de dois anos” após o Brexit, duran- te o qual as relações entre seu país e a UE permaneceriam intactas, a fim de assegurar uma saída “tranquila e ordenada”.
Este período de ajuste permitiria ao Reino Unido continuar a fazer negócios livremente com o bloco europeu, um ponto exigido por seu ministro das Finanças, Philip Hammond, e empresários, preocupados com as consequências econômicas do Brexit.
May deixou claro ontem que seu governo não pretende adotar um modelo de parceria com base nos existentes hoje. Há correntes dentro do governo britânico favoráveis a um acordo mais parecido com o que foi fechado entre o bloco e o Canadá ou com a Suíça.
“Esta é uma das coisas que eu queria dizer a vocês: nem (um acordo como o da) Noruega, nem Canadá. Quero uma nova relação com a UE. Estamos falando de um período de transição para as mudanças serem colocadas em prática em relação a nosso relacionamento futuro”, disse a premiê.
De acordo com May, essa nova forma de relacionamento, no entanto, tem de ser “criativa” e “ambiciosa”. “Isso porque, como eu disse no discurso, começamos de uma posição sem precedentes. Queremos, então, uma forma diferente de parceria.”
Segundo ela, “o que o governo está fazendo (com a proposta de transição) é assegurar a decisão da população de deixar a UE, mas queremos garantir que isso ocorra sem uma ruptura, com um período de transição. Vamos sair em março de 2019”, afirmou.