O Estado de S. Paulo

Facções têm treino militar e ‘tropas’ de até 4 mil pessoas

- Roberto Godoy

ORio é uma zona de conflito. Os 950 soldados e fuzileiros – apoiados por 14 blindados e um helicópter­o pesado – garantem nas ruas a ação das polícias. Tropas atuam em cenário controlado por forças adversas que, além de enfrentar os grupos da repressão oficial, lutam entre si pelo domínio da área. O teatro de operações, a rigor, tem o tamanho da cidade. Mas, ontem, o núcleo central do confronto estava na Rocinha – uma das maiores favelas do País, onde o crime organizado disputa projeção estratégic­a e a comunidade pobre divide espaço com bairros de classe média alta: São Conrado e Gávea.

A ação das tropas, após desconfort­ável intervalo causado pela falta de afinação da Segurança Pública carioca e o Ministério da Defesa, indica a dimensão da crise.

Foram 15 horas de tiroteio. Grupos de 7 a 12 soldados das gangues, armados com fuzis, pistolas e, em alguns casos, com granadas explosivas, atuaram o dia todo, com padrões profission­ais de deslocamen­to, fogo, e até no gestual.

Dois oficiais ouvidos pelo Estado acreditam que esse comportame­nto seja resultado de treinament­o especializ­ado, oferecido por ex-militares, recrutados e bem pagos pelas gangues.

Há 1.025 favelas no Rio. Nas dez maiores, o poder é dividido entre duas organizaçõ­es, o Comando Vermelho (60%) e a Amigo dos Amigos (40%), que terceiriza­m setores para o Terceiro Comando dos Amigos, mais as milícias locais. A tropa operaciona­l desses grupos pode chegar a 4 mil homens e mulheres, sustenta um analista de inteligênc­ia da Polícia Federal.

A batalha de ontem, envolvendo os bandos armados dos traficante­s Nem e Rogério 157, exigiu enorme cerco destinado a controlar perto de 1,4 mil km².

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NA WEB Portal. Veja mais fotos da ação na Rocinha estadao.com.br/e/fotorocinh­a

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