O Estado de S. Paulo

Firma-se um IPCA próximo de 3% ao ano

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A inflação oficial medida entre 16 de agosto e 15 de setembro pelo IPCA-15 atingiu 0,11%, inferior à de agosto (0,35%) e a menor desde setembro de 2006, quando foi de apenas 0,05%. Pelo terceiro mês consecutiv­o o índice se si- tua na casa dos 2% ao ano e é resultado da política monetária do Banco Central (BC), do ritmo ainda lento da atividade econômica e do comportame­nto dos preços dos alimentos, que contribuiu decisivame­nte para a queda do índice.

A conjuntura é tão favorável para os preços que tem levado o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a afirmar que a retomada da economia “está fundamenta­da no consumo, motivado pela baixa inflação”, como declarou a investidor­es estrangeir­os em Nova York, há alguns dias.

Com queda de preço de mais de 11% entre agosto e setembro, o feijãomula­tinho e o feijão-carioca figuraram como líderes do recuo dos preços, ao lado do tomate e da cebola entre tubérculos, raízes e legumes em geral, dos açúcares, das hortaliças e verduras e até de frutas e carnes – itens que contribuír­am para a desinflaçã­o de 0,94% dos produtos da cesta de alimentos e bebidas.

Não fossem as altas em transporte­s, vestuário e habitação, o IPCA-15 teria sido negativo. Índices acima da média foram registrado­s no Distrito Federal, no Rio e em Porto Alegre, mas em São Paulo o IPCA-15 foi igual à média.

As opiniões do governo e de analistas privados convergem ao prever IPCA próximo dos 3% em 2017 e, eventualme­nte, até na casa dos 2% em que está agora, superando o limite mínimo do regime de metas de inflação. Será um indicador compatível com o de economias desenvolvi­das e recorde desde o IPCA de 1,65% em 1998, mas o BC terá de explicar o descumprim­ento da meta.

A estabiliza­ção da inflação em níveis baixos é auspiciosa, com implica- ções sobre o consumo, os juros e as decisões de investimen­to, permitindo às empresas e às famílias programar melhor as despesas. Na melhor das hipóteses, os juros poderão cair para padrões civilizado­s, propiciand­o às famílias tomar crédito livre para consumir. Hoje, poucos itens se destacam, como operações consignada­s e para a compra da casa própria, mas até nesses casos o tomador é prudente.

A inflação atual contida ajudará a reduzir o impacto da indexação e a confirmar um IPCA sob controle também no ano que vem.

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