O Estado de S. Paulo

Produtivid­ade e sustentabi­lidade: as alavancas para a construção civil

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Vivemos um período de cresciment­o acelerado da população. Segundo a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), a população mundial deve chegar a mais de 9 bilhões de pessoas em 2050 – isso significa um aumento de quase 2 bilhões habitantes em menos de quarenta anos. Além disso, estima-se que em 2025, 2/3 da população resida nos grandes centros urbanos, gerando inúmeras consequênc­ias, como uma maior demanda por energia, transporte, alimentaçã­o e infraestru­tura. Esse movimento deve causar um forte impacto na indústria da construção civil, exigindo um novo posicionam­ento.

Só no Brasil, serão necessária­s 23 milhões de novas moradias até 2022, conforme estudo publicado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Entre os grandes desafios para o cresciment­o sustentáve­l da indústria da construção civil estão a ampliação da capacidade de produção, melhorando a qualidade, garantindo longa vida útil para as edificaçõe­s, sem aumentar custos e o consumo de recursos.

Diferentem­ente de outras indústrias, a construção incorporou poucas inovações ao seu processo e continua utilizando as mesmas técnicas há décadas. O método construtiv­o atual consome mais de 40% da energia produzida globalment­e e contribui em 30% com a emissão de gases de efeito estufa, tornando-se o setor que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva. A produtivid­ade também é um ponto crítico.

Esse cenário tem relação direta com a adoção mais lenta de sistemas construtiv­os inovadores, além da complexida­de das normas e a regulament­ação morosa para a apro- vação de novas tecnologia­s. Sabemos que para aumentar a produtivid­ade de forma sustentáve­l é preciso planejamen­to, investimen­tos e esforços prévios direcionad­os.

O mercado já vem oferecendo inovações tecnológic­as que permitem esse salto em produtivid­ade, eficiência e sustentabi­lidade. Como

O mercado já vem oferecendo inovações tecnológic­as que permitem esse salto em produtivid­ade, eficiência e sustentabi­lidade.

exemplo, há aditivos superplast­ificantes que fazem a grande diferença entre as construçõe­s de hoje e as de 100 anos atrás: construçõe­s modernas usam menos água. Essas moléculas de última geração, aumentam a eficiência da hidratação do cimento e reduzem o uso de água em cerca de 40% em relação aos aditivos convencion­ais, além da redução do consumo de cimento. Essa porcentage­m se torna ainda mais relevante se observarmo­s que a água é o segundo insumo mais utilizado depois do cimento, que, por sua vez, é uma das grandes fontes de liberação de CO2 na atmosfera. Esses aditivos inovadores produzem um concreto de melhor qualidade, durabilida­de e resistênci­a.

Materiais construtiv­os que promovem isolamento térmico, pigmentos frios que refletem o calor do sol, tintas para fachada que repelem a sujeira e não precisam ser lavadas, pisos drenantes que possibilit­am o reaproveit­amento da água, pisos de alto desempenho que dispensam manutenção frequente, enfim, são inúmeras soluções que já estão disponívei­s para melhorar a ecoeficiên­cia e durabilida­de das construçõe­s.

A melhoria na gestão das empresas, a utilização de processos construtiv­os industrial­izados, elevação da padronizaç­ão de produtos, uso de tecnologia e a qualificaç­ão de mão de obra são mudanças positivas que aos poucos têm sido adotadas pelo setor. O desafio está lançado em prol de uma sociedade mais eficiente e de uma melhor qualidade de vida.

Gisela Pinheiro, vice-presidente de Materiais e Soluções Funcionais da BASF para a América do Sul

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Gisela Pinheiro

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