O Estado de S. Paulo

Mau presságio

- Vera Magalhães

A decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, que confirmou a condenação de José Dirceu e elevou em dez anos a pena imposta a ele pelo juiz Sérgio Moro, é mau sinal para o ex-presidente Lula em vários aspectos.

Adecisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, que confirmou a condenação de José Dirceu e elevou em 10 anos a pena imposta a ele pelo juiz Sérgio Moro, é um mau sinal para o ex-presidente Lula em vários aspectos. O mais relevante deles está em um trecho do voto do relator, desembarga­dor João Pedro Gebran Neto. Disse ele sobre o tipo de crime pelo qual o ex-ministro foi condenado: “Embora nestes casos dificilmen­te haja provas das vantagens indevidas, adoto a teoria do exame das provas acima de dúvida razoável”.

Trata-se do caminho que deve ser seguido pela corte também para a análise da sentença de Moro contra Lula no caso do triplex do Guarujá. Essa teoria contraria a principal alegação da defesa de Lula, a da falta de provas na condenação do petista. Toda a constru- ção da decisão sobre Dirceu, seguida por vários desembarga­dores, também ratifica as teses erigidas pela Lava Jato quanto ao uso do governo para a obtenção de propinas e vantagens pessoais para caciques do partido. “Os esquemas criminosos descoberto­s na Operação Lava Jato foram escancarad­os e violaram princípios norteadore­s da administra­ção pública como a legalidade, a moralidade e a eficiência”, consignou Gebran.

Se vale para um dos principais ministros e suas relações com uma empreiteir­a após deixar o governo, deverá valer para Lula, reconhecem investigad­ores e advogados que atuam na operação. A decisão sobre Dirceu, aliada ao avanço da delação de Antonio Palocci e à juntada, por sua defesa, de recibos com datas inexistent­es ao processo do imóvel de São Bernardo, formam conjunto bastante negativo para o ex-presidente.

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