Denúncia é lida na Câmara e PSB decide votar por aceitação
Após a leitura da peça, os prazos regimentais começam a contar a partir de hoje, com a notificação dos acusados
O diretório nacional do PSB decidiu ontem fechar questão e obrigar os deputados do partido a votar na Câmara pela aceitação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por organização criminosa e obstrução da Justiça.
Na CCJ, o PSB tem quatro dos 66 titulares. Na votação da primeira denúncia a sigla ra- chou: Danilo Forte (CE) e Fábio Garcia (MT) votaram com o governo, enquanto Júlio Delgado (MG) e Tadeu Alencar (PE) seguiram a recomendação da direção da legenda. Os governistas devem ser substituídos por Danilo Cabral (PE) e Gonzaga Patriota (PE). Com o anúncio do PSB, a base governista passou a refazer sua contagem de votos. Até então o governo estimava mais de 41 votos na CCJ para barrar a segunda denúncia.
Para garantir que não haverá surpresas na comissão, os partidos da base começaram a fazer trocas de titulares. Ontem, o PTB formalizou Nelson Marquezelli (PTB-SP), que votou por barrar a primeira denúncia, como titular no colegiado.
Leitura. A nova denúncia contra o presidente da República e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) foi lida durante mais de cinco horas ontem em plenário, após duas tentativas de dar início à tramitação na Casa. Com isso, os prazos regimentais começarão a contar a partir de hoje com a notificação dos acusados e envio da peça para a CCJ.
O presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), também pretende anunciar hoje se manterá a denúncia como está ou se vai desmembrá-la. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já defendeu o não fatiamento do caso, mas deixou a decisão final para a CCJ. A expectativa é de que Pacheco indique ainda o relator. A lista de cotados inclui os deputa- dos Evandro Gussi (PV-SP), Rubens Bueno (PPS-PR) e Bonifácio Andrada (PSDB-MG).
Temer recebeu ontem no Palácio do Planalto o advogado Eduardo Carnelós, seu defensor na denúncia. Carnelós foi levado pelo subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, que terá, segundo auxiliares, papel de con- selheiro informal. A conversa teve como objetivo discutir a estratégia da defesa. A ideia é que a peça seja apresentada na semana que vem. Enquanto isso, Temer vem abrindo espaço na agenda para receber parlamentares tal como fez quando tramitou a primeira denúncia. /