Sette Câmara almeja a F-1 em 2019
Piloto brasileiro não quer queimar etapas em sua carreira e espera render mais na F-2 para chamar atenção das escuderias
O mineiro Sérgio Sette Câmara, de 19 anos, é o favorito a renovar a tradição do Brasil de levar pilotos para a Fórmula 1. Após superar dificuldades na temporada de estreia da Fórmula 2, a principal categoria de acesso, o piloto conseguiu uma vitória e um segundo lugar, resultados capazes de alimentar o sonho de conseguir espaço em alguma equipe em 2019.
O jovem piloto, natural de Belo Horizonte, é uma das esperanças do Brasil se renovar e manter a tradição em vigor desde 1970 de o País ter no grid da Fórmula 1 pelo menos um representante. O posto atual pertence a Felipe Massa, que ainda não tem presença garantida no próximo ano. Outro nome que pode aparecer é Felipe Nasr, brasiliense de 25 anos que disputou duas temporadas e ficou fora da categoria em 2017.
As condições adversas do mercado, no entanto, não desanimam Sette Câmara. Apontado por Massa como o nome do futuro do Brasil na Fórmula 1, o piloto já tem um plano de carreira para conseguir realizar o sonho de chegar à categoria. “Temos que nos manter na Fórmula 2 no ano que vem, é o passo que temos em mente. Então, fazer um segundo ano forte, com uma equipe melhor e quem sabe ser reconhecido”, disse em entrevista ao Estado.
O jovem mineiro prefere pensar com cautela no futuro, para não queimar etapas. A carreira lhe pregou dificuldades nos passos anteriores, mas por outro la- do ensinou a ter paciência para esperar o momento correto de demonstrar resultados. Foi assim nesta temporada da Fórmula 2, por exemplo, quando o então mais novo do grid sofreu com problemas técnicos e passou sete rodadas duplas sem pontuar, até encerrar o período ruim com duas provas boas na Bélgica, uma delas com vitória.
“A tendência é eu melhorar no ano que vem, porque em 2017 faltou um pouco de experiência. No começo do ano eu era o mais jovem do grid. Eu vim de uma categoria diferente, a Fórmula 3 Europeia, onde o carro não tinha nada a ver. A mi- nha linha de aprendizagem está subindo a cada etapa”, explicou. A duas etapas do fim do calendário, o momento é de sondar vagas em equipes maiores na Fórmula 2, para ter mais condições de competir pelo título.
A necessidade de brigar por um carro competitivo para poder mostrar serviço e ir à Fórmula 1 não é uma preocupação tão amedrontadora. O piloto disse já ter superado problemas maiores recentemente, como a saída do programa de formação da Red Bull. O projeto que revelou Sebastian Vettel teve o brasileiro durante um ano como um dos integrantes, até a empresa austríaca decidir pelo desligamento de Sette Câmara.
“Eu fiquei muito desanimado quando saí. Na minha opinião, não saí por falta de rendimento, mas sim porque o programa é muito visado. Tive dificuldades porque faltou maturidade, era meu primeiro ano correndo em um carro de Fórmula, mas en- tendo que para eles era complicado renovar com um piloto que não tinha ficado no top 10 do campeonato”, explicou o mineiro, que terminou ano passado em 11.º no campeonato de Fórmula 3 Europeia.
A autocrítica equilibrada para quem é tão jovem se faz necessária para manter o sonho de chegar à Fórmula 1, caminho complicado para brasileiros. “É um sonho distante para quem não é da Europa e já pode fazer mais contatos desde cedo. Para nós, brasileiros, é uma rota muito mais difícil, são poucos os que chegam. Então, tenho de ser determinado”, comentou.