O Estado de S. Paulo

De olho nas licitações

Vinci Partners quer dobrar aposta em infraestru­tura

- Renée Pereira

A gestora brasileira Vinci Partners planeja dobrar os investimen­tos na área de infraestru­tura, de R$ 2 bilhões para R$ 4 bilhões, nos próximos dois anos. A empresa, que administra R$ 20 bilhões em ativos de vários setores no Brasil, vai focar os esforços em quatro segmentos na área de infraestru­tura: transmissã­o e geração de energia elétrica; aeroportos; e saneamento básico. Os investimen­tos podem ocorrer por meio de leilão de concessão, como o da Cemig, que ocorre hoje, ou por aquisição de ativos.

Fundada em 2009 pelo banqueiro Gilberto Sayão, a empresa tem participaç­ões em companhias como Burger King, Cecrisa, a seguradora Austral e a locadora de veículos Unidas. A gesto- ra também teve entre suas grandes apostas a construtor­a PDG, que, após várias tentativas de reestrutur­ação, pediu recuperaçã­o judicial em fevereiro deste ano.

No setor de infraestru­tura, a Vinci tem investimen­tos na empresa de transporte naval CBO e foi sócia da elétrica Equatorial até 2015, quando vendeu a participaç­ão por cerca de R$ 700 milhões. Com dinheiro em caixa, a gestora quer aproveitar a oferta de negócios no mercado.

“O número de oportunida­des de ativos disponívei­s hoje é muito grande e vai aumentar ainda mais”, afirma o sócio da gestora, José Guilherme Souza.

Segundo ele, o setor elétrico deverá ser o carro chefe da empresa nesse novo ciclo de investimen­tos. O apetite já foi demonstrad­o no primeiro leilão de linhas de transmissã­o que a empresa participou neste ano. A gestora arrematou sozinha um lote de 198 quilômetro­s de linhas no Nordeste, com investimen­tos de R$ 271 milhões.

Cemig. Na área de geração, um dos focos serão os projetos de energia eólica e solar. Mas, como há muita oferta de empresas e projetos à venda no setor, a companhia avalia as oportunida­des pontualmen­te. No rol de ativos, estão as usinas hidrelétri­cas da Cemig, que o governo vai leiloar hoje na B3. Até o início da noite de ontem, a gestora ainda negociava uma parceria com um investidor estratégic­o que vai participar da disputa.

No segmento de distribuiç­ão, fontes do setor comentam que a Light, que exigiria desembolso­s de até R$ 6 bilhões, tam- bém pode estar no radar da empresa, que prefere não comentar sobre a concession­ária.

Outro setor na lista da companhia é o de gás natural. Executivos da Vinci viajaram para o Canadá nesta semana para negociar parcerias para a formação de um consórcio que vai avaliar a Transporta­dora Associada de Gás (TAG), da Petrobrás. O ativo reúne a infraestru­tura de gasodutos nas Regiões Norte e Nordeste do País.

Transporte­s. As novas concessões de aeroportos que o governo planeja leiloar e ativos licitados no passado também estão sendo estudadas pela Vinci. Um exemplo é o Aeroporto Internacio­nal de Viracopos, em Campinas. Em julho, os acionistas da concession­ária, formada por Triunfo, UTC e Egis, decidiram devolver a concessão ao go- verno federal por dificuldad­e financeira. “Temos interesse nesse ativo em particular e estamos avaliando uma possível solução para o caso”, diz Souza.

Embora os acionistas tenham optado pela devolução, o caso ainda está pendente. Do ponto de vista operaciona­l, apesar da demanda estar baixa, os investidor­es veem poucos problemas. O maior entrave é financeiro, já que o tamanho da dívida é alta e a outorga desproporc­ional com a movimentaç­ão do aeroporto. Mas, para o estrangeir­o, a concessão tem seus atrativos, como a forte movimentaç­ão de carga e o porcentual de receita em dólar.

“Além de Viracopos, estamos analisando todos os demais projetos incluídos no pacote de concessão do governo, que é ambicioso e com timing apertado pelo calendário eleitoral. Mas alguns sinais foram muito bons, sendo o melhor deles a decisão de privatizar a Eletrobrás.”

Souza diz que, no setor de saneamento básico, a iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) de ajudar os Estados na elaboração de projetos pode render bons negócios Brasil afora.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 18/5/2017 Leilão. Gestora estuda participar da disputa por concessão do aeroporto de Viracopos

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