O Estado de S. Paulo

Novo Refis

Meirelles tenta acordo para votar programa hoje

- Adriana Fernandes Igor Gadelha / BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tenta fechar hoje um acordo com o Congresso para a votação do texto da medida provisória (MP) que cria o Refis, programa de parcelamen­to de dívidas tributária­s, sem que a nova versão provoque uma redução no volume de R$ 8,8 bilhões que o governo já conseguiu arrecadar com o programa até o final do ano.

No entanto, o relator da MP, deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), convocou coletiva na noite de ontem para dizer que a discussão estava encerrada e que o texto está pronto para ser votado no plenário hoje. “Considero que, neste momento, conseguimo­s chegar ao texto padrão, quase final. Cede- mos mais do que tudo”, disse. Pelas contas do deputado mineiro, as mudanças negociadas devem reduzir a arrecadaçã­o prevista com o programa de R$ 13 bilhões para R$ 10 bilhões.

Há mais de um mês, governo e deputados tentam chegar a um acordo sobre a nova versão do Refis. De um lado, a arrecadaçã­o do programa é importante para o cumpriment­o da meta fiscal deste ano, que permite rombo de até R$ 159 bilhões. Por outro lado, deputados – que também são devedores do Fisco – insistem em regras mais generosas para o parcelamen­to das dívidas e usam o programa como moeda de troca para todo tipo de negociação. Hoje, o governo precisa de votos para barrar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer pelos crimes de formação de quadrilha e obstrução à Justiça.

Até agora, mais de 340 mil contribuin­tes já aderiram ao programa, garantindo uma receita de R$ 8,8 bilhões em 2017. Uma flexibiliz­ação muito grande no texto poderia colocar em risco essa arrecadaçã­o, que já foi incorporad­a nas previsões de receita do relatório que abriu espaço para uma liberação de R$ 12,8 bilhões de despesas do Orçamento até o final do mês. Pela legislação, se tiver regra mais vantajosa, o contribuin­te pode se beneficiar dela.

Contas. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a equipe econômica está fazendo as contas para avaliar quais mudanças pode absorver. Um integrante da equipe admitiu, no entanto, que esse espaço é pequeno e que o governo já considera um bom resultado os valores arrecadado­s até agora. É por isso que o Ministério da Fazenda mostrou resistênci­as desde a semana passada a alterar o texto da MP que havia sido acertado com o presidente Michel Temer e que depois foi profundame­nte alterado pelo relator da MP.

Se o acordo for fechado, o mais provável é que o prazo de adesão, que termina no próximo dia 29 de setembro, seja alterado até o final de outubro. A equipe econômica não mostrará resistênci­as à mudança, mantido o acordo. A extensão do prazo pode garantir maior adesão.

O Ministério da Fazenda já sinalizou que deverá aceitar o uso de créditos tributário­s e prejuízos acumulados para abater dívidas de até R$ 15 milhões com a Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), como já está previsto para débitos junto à Receita. Até esse valor, os contribuin­tes que fizeram o abatimento dos créditos e prejuízo têm direito aos descontos de multa e juros. A mudança não teria impacto na arrecadaçã­o deste ano.

Desde o início, a equipe econômica era contrária a liberar o crédito tributário para saldar débito com a PGFN, que tem depósitos como garantia. A razão é que os créditos não são líquidos e certos precisam ser auditados pela Receita.

A MP perde a validade no próximo dia 11 de outubro, porém, o prazo de adesão termina nesta sexta-feira. Por isso, a pressa dos deputados que defendem a mudanças em fazer a votação o mais rápido possível.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já afirmou que pretende colocar a a MP em votação no plenário nesta quarta-feira.

Os porcentuai­s de desconto de juros e multas devem permanecer os mesmos que já tinham sido negociados. No caso das multas, o desconto máximo deve ficar em 70% para pagamento à vista e 50% e 25% para parcelamen­to em 145 meses e 175 meses, respectiva­mente. Já para os juros, devem ficar em 90%, 80% e 50%.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-12/1/2016 Plenário. Segundo o relator da MP, Newton Cardoso Júnior, texto está pronto para ser votado

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