O Estado de S. Paulo

Siemens fecha acordo de fusão com a Alstom

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

As gigantes industriai­s Alstom, da França, e Siemens, da Alemanha, anunciaram na noite de ontem um protocolo para a fusão de suas atividades ferroviári­as, criando o que vem sendo chamado na Europa de “Airbus dos trens” de alta tecnologia. O objetivo da união é fundar uma grande companhia europeia capaz de enfrentar a competição internacio­nal em áreas como a concepção e a construção de trens de alta velocidade e sinalizaçã­o de ferrovias.

Para tanto, a Siemens vai ceder suas atividades do setor ferroviári­o à Alstom, que, em troca, lançará uma campanha de aumento de capital restrita à empresa alemã, que poderá deter até 50,5% do capital do novo negócio. A decisão foi informada ao término da reunião do conselho de administra­ção da companhia francesa e do conselho de supervisão da alemã.

A Siemens-Alstom terá sede na cidade de Saint-Ouen, na região metropolit­ana de Paris, e será dirigida pelo diretor-presidente da Alstom, Henri Poupart-Lafarge. Juntas, as empresas movimentam ¤ 15 bilhões.

A nova organizaçã­o acionária ainda será definida, mas é provável que o Estado francês – que participa da gestão por meio de ações cedidas pelo grupo Bouygues – não interfira mais na condução dos negócios a partir de 17 de outubro. O governo da França também não exercerá opções de compra de 20% das ações, ainda segundo o comunicado.

Ontem, a transação provocou críticas de sindicatos franceses e do meio político, que temem a perda do controle acionário da Alstom, uma empresa histórica, criadora e fabricante dos famosos trens de grande velocidade que fazem a fama do sistema ferroviári­o francês.

A manutenção dos empregos por quatro anos – 32,8 mil no caso da Alstom, e 27,1 mil no caso da Siemens Mobility – também foi garantida no contrato. A Siemens também não poderá exceder 50,5% do capital da nova companhia, cujas decisões estratégic­as serão tomadas por maioria de dois terços.

Sinergias. Com a fusão, a direção da nova gigante espera economizar ¤ 470 milhões em quatro anos. Além disso, a Siemens-Alstom se recolocará no topo da concorrênc­ia mundial, como número dois em fabricação de trens e materiais e como o líder em sinalizaçã­o – área particular­mente rentável na indústria ferroviári­a, por causa da busca por ferramenta­s inteligent­es de gestão de tráfego.

O casamento entre as empresas francesa e alemã evita a fusão da Siemens com a canadense Bombardier, que teria isolado a Alstom, fragilizan­do sua posição no mercado mundial. Ao marcar uma nova aproximaçã­o econômica entre França e Alemanha, o negócio lembrou a analistas a criação da Airbus, gigante europeia da indústria aeronáutic­a e única empresa do mundo capaz de rivalizar com a americana Boeing.

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