O Estado de S. Paulo

Aprovado texto-base do Refis

Governo esperava arrecadar R$ 8,8 bi com parcelamen­to de dívidas da União, mas cálculos da Receita estimam perda de R$ 5,6 bilhões

- Igor Gadelha Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Deputados aprovaram o texto-base da MP que cria o novo programa de parcelamen­to de dívidas com a União. Mudanças feitas provocarão perda de arrecadaçã­o para o governo.

Após longa negociação, a Câmara dos Deputados aprovou ontem, em plenário, o texto-base da Medida Provisória (MP) que cria o novo Refis, programa de parcelamen­to de dívidas com a União. Um integrante da equipe econômica informou ao ‘Estadão/Broadcast’ que as mudanças feitas pelos deputados no texto provocam uma perda de R$ 800 milhões nos R$ 8,8 bilhões que o governo já esperava arrecadar com o programa em 2017. Cálculos da Receita, porém, indicam perda maior, de R$ 5,6 bilhões.

A previsão inicial era arrecadar R$ 13,3 bilhões em 2017. Às vésperas da votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer pelos crimes de formação de quadrilha e obstrução à Justiça, a equipe econômica se viu obrigada a ceder em alguns pontos, o que aumentou as benesses para os devedores à União, incluindo alguns deputados. As alterações também provocam uma perda de R$ 2,4 bilhões na estimativa de arrecadaçã­o para o programa em 2018.

A votação só terminará na semana que vem, quando serão analisados os destaques com sugestões de modificaçã­o do texto-base. Pelo texto original da MP em vigor, contribuin­tes poderão aderir ao programa até amanhã. No texto-base aprovado ontem, o prazo foi ampliado para 31 de outubro. No entanto, ele só valerá depois que a medida for sancionada pelo presidente. As novas regras precisam ser sancionada­s até 11 de outubro,

quando a MP perde a validade.

O texto aprovado foi negociado entre o relator, deputado NewtonC ardoso Júnior (PMDB-MG), líderes partidá--

rios e representa­ntes da Casa Civil e da equipe econômica. Governo e deputados tiveram de negociar um acordo, porque o Executivo não aceitou o texto do relator aprovado na comissão especial.

Ampliação. Poderão aderir ao programa pessoas físicas e em- presas que possuem dívidas tributária­s e não tributária­s que venceram até 30 de abril deste ano, inclusive aquelas que estão sendo parceladas por meio de outro Refis ou questionad­as na Justiça. Deputados querem, porém, aprovar emendas para ampliar esse prazo e para permitir que micro e pequenas empresas também possam aderir ao programa.

O texto aprovado prevê condições mais benéficas para devedores de até R$ 15 milhões. Esses contribuin­tes terão de pagar uma entrada mínima equivalent­e a 5% do valor da dívida total – o texto original da MP previa que esse porcentual seria de

7,5%. Para aqueles com dívidas maiores que R$ 15 milhões, o sinal deverá ser de 20%. Todos os contribuin­tes, porém, terão direito a pagar o valor remanescen­te da dívida com desconto de até 70% nas multas.

A proposta aprovada pelos deputados ontem também autoriza o uso de créditos tributário­s e prejuízos fiscais acumulados para abater dívidas de até R$ 15 milhões com a Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), como já está previsto para débitos com a Receita. Até esse valor, os contribuin­tes que fizeram o abatimento dos créditos e prejuízo têm direito aos descontos de multa e juros.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO Negociação. O relator da MP, deputado Newton Cardoso Júnior (E), conversa com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia

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