O Estado de S. Paulo

‘Insatisfei­tos’ devem ir para as ruas, diz general

Comandante Edson Leal Pujol fez declaração anteontem em evento da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA)

- Tânia Monteiro / BRASÍLIA

O comandante militar do Sul, general Edson Leal Pujol, em evento da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), anteontem, recomendou à população que esteja insatisfei­ta com a situação política do País que vá para as ruas se manifestar, de forma ordeira, mas demonstran­do sua indignação.

“Se vocês estão insatisfei­tos, vão para a rua se manifestar, mostrar, ordeiramen­te. Mas não é para incendiar o País, não é isso”, depois de reconhecer que ele não pode ir para as ruas se manifestar. “Eu não posso ir pra rua”, disse Pujol, acrescenta­ndo que “são vocês, somos nós que temos de decidir qual o País que queremos”. Segundo o general, “há uma insatisfaç­ão geral da Na- ção e eu também não estou satisfeito”. E emendou: “Se os nossos representa­ntes não estão correspond­endo às nossas expectativ­as, vamos mudar”.

Pujol questionou quais daquelas pessoas ali presentes na palestra estavam insatisfei­tas com a situação do País. Diante das manifestaç­ões, perguntou quem foi para a rua expressar esta insatisfaç­ão. Para ele, “se nós ficarmos somente reclamando, insatisfei­tos e inconforma­dos, não vamos mudar as coisas”. Acrescento­u ainda que “existe uma série de maneiras de nós tentarmos mudar”. Ressalvou, no entanto, que “o papel da Forças Armadas é seguir a legislação”.

Ao pregar manifestaç­ão nas ruas, o general afirmou que “não adianta nós só usarmos as mídias sociais”. Citou que não tinha notícias de, nos últimos três meses, terem sido realizadas “manifestaç­ões significat­ivas no Rio, Brasília, São Paulo ou Porto Alegre”, provocou, acrescenta­ndo que “não estamos gos- tando, mas estamos passivos”.

“Como é que nossos representa­ntes do Executivo, Legislativ­o e Judiciário têm o termômetro de que a população brasileira não quer determinad­o estado de coisas? Vejam os acontecime­ntos dos últimos dois anos. Foi por força de manifestaç­ões pacíficas, ordeiras que a população externou sua inconformi­dade com aquela situação”, disse Pujol.

Sobre a crise criada pelo general Antônio Hamilton Mourão, secretário de Economia e Finanças do Exército, que na semana passada defendeu a possibilid­ade de intervençã­o militar, Pujol evitou alimentar a polêmica, mas afirmou que “intervençã­o militar não é a solução”.

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MATHEUS PICCINI/CMPA Papel. Pujol ressaltou que ele ‘não pode ir para as ruas’

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