O Estado de S. Paulo

Tóquio-2020 banca surfe no litoral

Comitê Organizado­r fica encantado com piscina de ondas de Kelly Slater, mas pretende manter a competição na praia

- Paulo Favero

Os organizado­res dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, acompanhar­am o evento-teste na piscina de ondas de Kelly Slater, nesta semana, e ficaram encantados com o que viram. “Ficamos impression­ados”, disse o Comitê Organizado­r. Apesar disso, no momento não existe o interesse de mudar o planejamen­to para a estreia do surfe no programa olímpico.

Os japoneses pretendem levar a competição para Chiba, no litoral do país, onde costuma ter boas ondas. Mas é aí que reside um empecilho grande: e se no dia marcado o mar estiver calmo? Para o brasileiro Gabriel Medina, que surfou as ondas na piscina de Kelly Slater e, inclusive, ganhou o evento com atletas profission­ais, o debate ainda vai ser grande até uma definição nos Jogos Olímpicos.

“Os japoneses estavam lá vendo como a onda funciona. Eles deixaram claro que querem usar o mar, mas numa Olimpía- da precisa ter dia e hora marcada para a competição, então tem de ter onda naquele horário, não é igual ao Circuito Mundial que a gente tem uma janela de 12 dias e escolhe os três melhores para fazer a etapa. É um pouco mais complicado, então acredito que possa ter uma piscina lá”, comentou.

O brasileiro brilhou nas novas ondas de Slater, na Califórnia, superando adversário­s como Mick Fanning, John John Florence, Filipe Toledo e Adriano de Souza, entre outros. “Eu achei a onda demais, muito parecida com a onda do mar. No começo estava um pouco perdido, mas com treino dá para ficar bom naquele tipo de onda”, explicou o atleta.

Slater passou mais de dez anos fazendo experiênci­as e testando a tecnologia para simular condições bem parecidas com as do mar. E no primeiro grande teste, os surfistas foram unânimes em elogiar as condições oferecidas. Já existe, inclusive, a possibilid­ade de usar a mesma tecnologia para replicar a experiênci­a em outros países, inclusive no Japão, Brasil e França, que receberá os Jogos de 2024.

Para o Comitê Organizado­r Tóquio-2020, a ideia é fazer a competição na praia. “Foi muito impression­ante ver e experiment­ar que a tecnologia pode fazer com que as pessoas gostem de surfar, mesmo que não haja mar. No entanto, não temos um plano para usar esta tecnologia nos Jogos Olímpicos. Planejamos organizar a competição de surfe nas ondas oceânicas naturais. Tóquio-2020 quer aproveitar a vantagem geográfica do Japão, que é cercado pelo mar. Continuamo­s trabalhand­o para tornar o evento de surfe olímpico um sucesso.”

Existem argumentos contra e a favor de realizar a competi- ção de surfe no mar. Em boas condições, é o local ideal para testar os atletas e colocá-los à prova. Também ajuda a mostrar parte do litoral do Japão pa- ra o mundo. Mas por depender da natureza, a competição corre o risco de ser um fiasco caso não tenha ondas no dia programado. Na piscina, o formato de competição permite condições iguais de disputa para quem surfa com o pé direito ou esquerdo na frente. E também pode ser feito em arena fechada, com venda de ingressos. O debate tem tudo para continuar.

Presente. Ontem, em Maresias, no litoral de São Paulo, Gabriel Medina ganhou uma prancha feita com 756 garrafas pets recicladas de sua patrocinad­ora. A intenção é voltar às atenções para a preservaçã­o do meio ambiente. “A Prancha PET é inovadora e reforça a natureza da marca”, explicou Fernando Soares, vice-presidente de refrigeran­tes da Ambev.

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FABIO MARADEI Emoção. Gabriel Medina antecipa o Dia das Crianças e entrega mais de 500 brinquedos

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