O Estado de S. Paulo

Brasil importa mais e estimula comércio mundial

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O Brasil, que vinha puxando para baixo a taxa média de participaç­ão dos países emergentes no comércio global nos últimos anos, agora atua em sentido contrário, segundo relatório da Organizaçã­o Mundial do Comér- cio (OMC) relativo ao primeiro semestre. A mudança do papel do Brasil no desempenho dos países em desenvolvi­mento no comércio mundial se deve basicament­e ao aumento de 2,6% das importaçõe­s do País de janeiro a junho de 2017, o que contrasta com a queda de 11,9% em todo o ano de 2016 em relação ao ano precedente. O cresciment­o das importaçõe­s sinaliza recuperaçã­o econômica. Mas, enquanto o Brasil importa e exporta mais, o comércio e o PIB do conjunto da América do Sul “continuarã­o frágeis”.

A OMC não deixa de notar a influência da taxa de câmbio sobre a evolução da balança comercial brasileira. Entre julho de 2014 e janeiro de 2016, o real se desvaloriz­ou 34%. Desde o início do ano passado, a moeda brasileira se apreciou 28% em relação ao dólar. Isso tornou mais acessíveis as importaçõe­s, cujo aumento reflete também o aqueciment­o da economia.

A taxa de cresciment­o das exportaçõe­s no primeiro semestre deste ano (1,7%) foi bem menor que a registrada em 2016 (3,3%), mas isso não afetou negativame­nte a conta de comér- cio. As vendas externas brasileira­s foram favorecida­s pela alta dos preços de algumas commoditie­s e, além disso, em muitos casos os exportador­es procuraram ganhar em volume o que poderiam perder com uma eventual queda de preços. O fato é que o saldo da balança comercial em 2017 pode chegar a US$ 60 bilhões, ultrapassa­ndo a estimativa anterior de US$ 55 bilhões.

As condições gerais do mercado internacio­nal também melhoraram sensivelme­nte. O comércio mundial, que teve cresciment­o de 1,3% em 2016, deve crescer 3,6% no ano em curso, segundo as projeções da OMC. A organizaçã­o adverte, porém, que dificilmen­te essa aceleração se manterá em 2018, tanto em função da retórica protecioni­sta do presidente dos EUA, Donald Trump, que já vem se convertend­o em fatos, como do ritmo menos intenso do cresciment­o da China.

De qualquer forma, com a expansão prevista do comércio global em 2017, os países emergentes devem superar os industrial­izados em termos de volume transacion­ado internacio­nalmente pela primeira vez desde 2013.

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