O Estado de S. Paulo

MPF prevê proteção a empresas após leniência

Estudo indica que companhias que ajudaram a revelar crimes devem continuar com capacidade de operar

- Beatriz Bulla / BRASÍLIA

O Ministério Público Federal elaborou um estudo técnico que orienta as negociaçõe­s de acordos de leniência – espécie de delação premiada fechado com as empresas. O material de 131 páginas contém trechos de interesse para empresas ao estabelece­r, por exemplo, que o estado deve proteger os lenientes de eventuais retaliaçõe­s políticas e empresaria­i seque não pode haver atuação repressiva “desnecessá- ria” por outros órgãos. O texto foi escrito pelo grupo de trabalho sobre o tema que assessora a 5.ª Câmara do MPF, voltada ao combate à corrupção.

Os acordos de leniência têm sido cercados de dúvidas. Advogados e empresário­s se queixam de inseguranç­a nas negociaçõe­s uma vez que, depois de celebrado o acordo com o MPF, passam a ser alvo de ações administra­tivas por outros órgãos de controle.

O estudo do MPF frisa que as empresas que ajudaram a revelar crimes graves devem continuar com capacidade de operar – objetivo principal que as faz colaborar com as investigaç­ões e condição para que consigam arcar com as multas previstas no próprio acordo. Também fica estabeleci­do que os negociador­es devem valorizar a utilidade e qualidade das informaçõe­s prestadas, além do impacto que a mudança de atitude corporativ­a da empresa vai gerar no mercado.

Um dos principais pleitos de empresário­s desde que a Lava Jato lançou mão dos acordos é contemplad­o no estudo: garantir que a empresa leniente não fique pior do que estava antes do acordo. Por isso, os procurador­es apontam a necessidad­e de que o Estado “adote providênci­as” para proteger a empresa de um tratamento injusto. O texto prevê também que o acordo firmado afeta outras sanções administra­tivas e civis por parte dos demais órgãos de controle.

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