O Estado de S. Paulo

‘Kingsman 2’ tenta repetir sucesso

Diante da ótima bilheteria de ‘Serviço Secreto’, de 2014, ‘O Círculo Dourado’ inclui mais americanos no elenco

- Mariane Morisawa ESPECIAL PARA O ESTADO LONDRES / SAN DIEGO

Matthew Vaughn jura que nunca pensou em dirigir uma sequência. “Em Hollywood, isso significa só ser maior, não necessaria­mente melhor”, disse em entrevista à imprensa em Londres. Mas, um dia, segundo ele, acordou com a história de

Kingsman – O Círculo Dourado, que estreia no Brasil nesta quinta, 28, continuaçã­o de Kingsman – Serviço Secreto, filme de 2014 que rendeu mais de US$ 400 milhões na bilheteria mundial. O cineasta sabia, no entanto, dos desafios de uma sequência, por mais que elas sejam corriqueir­as hoje em dia. “Se você faz tudo igual, todo mundo diz que é uma repetição, se faz muito diferente, dizem que não tem nada a ver com o original.”

Kingsman – O Círculo Dourado utiliza uma estratégia conhecida, ao incluir uma gama de novos personagen­s na aventura de Eggsy (Taron Egerton), o menino de boné virado para trás que, depois de treinado por Harry (Colin Firth), se tornou um agente secreto bem-vestido – o quartel-general dos Kingsmen é uma das alfaiatari­as chiques de Savile Row, em Londres. Nesse segundo longa, Eggsy se vê, porém, sozinho. E vai topar com esse grupo de novos personagen­s: os Statesmen, a versão americana dos Kingsmen. Em vez de uma alfaiatari­a, eles usam como fachada uma destilaria de bebidas alcoólicas no sul dos EUA. Não à toa, seus codinomes são Tequila (Channing Tatum), Whiskey (Pedro Pascal) e Ginger (Halle Berry), comandados por Champagne, ou, como ele prefere, Champ (Jeff Bridges). “Eles têm estilo próprio. São cavalheiro­s sulistas, e nós, cavalheiro­s britânicos”, disse Egerton em entrevista ao Estado, em San Diego. “Claro que tem uma competição saudável. Foi muito legal ter todos esses atores fantástico­s trazendo uma nova energia à franquia.”

Chileno radicado nos EUA, Pedro Pascal (conhecido por seus papéis como Oberyn Martell em Game of Thrones e Javier Peña em Narcos) tinha certa familiarid­ade com chicotes, chapéus e a vida de caubói, tendo vivido no Texas quando criança. Mas, curiosamen­te, foi por causa de Narcos que acabou escalado para viver Whiskey. “O Matthew Vaughn diz que assistiu e me achou com jeito de Burt Reynolds”, contou Pascal em entrevista ao Estado em San Diego. “E começou a criar o per- sonagem. Tive muita sorte de chamar sua atenção.”

O diretor admitiu ser fã de Burt Reynolds e Steve McQueen e tentou dar um quê daqueles astros de outrora a seu bando de americanos, em oposição ao jeito mais James Bond dos britânicos no filme. “Queria lembrar às pessoas que já houve americanos legais”, disse, em tom de brincadeir­a. Não faltam referência­s ao estilo conhecido como “Americana”, que usa imagens-símbolo dos Estados Unidos. Vaughn também usou outras imagens tipicament­e americanas, como a dona de casa dos anos 1950, num diner de cores pastel. Só que, aqui, ela é uma vilã, Poppy, vivida com gosto por Julianne Moore. Seu diner está instalado numa rua tipicament­e da época, só que incrustada numa paisagem que lembra o templo de Angkor Wat, no Camboja. Apesar de ter cogitado, Vaughn preferiu não incluir referência­s aos problemas atuais no Reino Unido e nos Estados Unidos, ficando no território do fantástico – mas com efeitos visuais feitos de verdade, sem tanta ajuda do CGI. Taron Egerton acha que isso pode ajudar: “Quando o mundo está num período complicado, o escapismo ajuda muito”. O fim de semana de estreia parece confirmar a teoria, com uma bilheteria global de US$ 100 milhões.

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GILES KEYTE/TWENTIETH CENTURY FOX/AP Dois britânicos e um chileno. Taron Egerton, Colin Firth e Pedro Pascal

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