O Estado de S. Paulo

AUTOMÓVEL CLUBE LUTA PARA RECUPERAR SEDE

Processo para restaurar prédio histórico, que hoje pertence à prefeitura do Rio, emperrou

- Edison Veiga

Fundado pelo aviador e inventor Alberto Santos Dumont em setembro de 1907, o Automóvel Clube do Brasil chega aos 110 anos com desafios. O principal é recuperar o histórico prédio, sede da instituiçã­o ao longo de quase todo o século 20 e desde 2004 sob posse da prefeitura do Rio.

O suntuoso casarão no centro carioca foi inaugurado em 1860, com um baile que contou com a presença do imperador d. Pedro II. Era casa do barão de Barbacena. Projetado pelo arquiteto Manuel José de Araújo Porto-Alegre, tornou-se sede do Automóvel Clube em 1908. Nas décadas seguintes acolheu grandes bailes e discursos históricos – como o último do então presidente João Goulart, pouco tempo antes de os militares tomarem o País.

Após ser ocupado por um bingo – fechado em 2003 – o prédio, tombado pelo patrimônio histórico, foi adquirido pela prefeitura. Foram aventados vários projetos: de museu do samba a clube de jazz. Nada saiu do papel e o prédio se deteriorou. Pichações e rachaduras podem ser vistas da rua.

Dentro, conforme testemunha­s ouvidas pelo Estado, é pior: parte do assoalho foi arrancada, há paredes sem rebo- co e vidros quebrados.

Em 2016, a prefeitura decidiu abrir chamamento público em busca de interessad­os em assumir, mediante concessão, o imóvel. O Automóvel Clube, instituiçã­o que foi reorganiza­da nos últimos 20 anos, foi o único interessad­o. “Apresentam­os um projeto de recuperaçã­o, com patrocinad­ores da indústria automobilí­stica, de R$ 30 milhões”, afirma o empresário Ariel Gusmão, presidente do clube.

Pelo projeto, seria necessário um ano para resolver os problemas estruturai­s e, em seguida, quatro para implementa­r um museu do automobili­smo no casarão. “Nele, estariam instalados originais ou réplicas dos principais veículos que já venceram provas automobilí­sticas no País ou pelo País.” Ele também quer instalar ali uma faculdade de Engenharia e Design Automotivo e uma orquestra. Ao Estado, o governo carioca disse que a concorrênc­ia pública para escolher o projeto de recuperaçã­o ainda não foi aberta.

Comemoraçõ­es. Nos próximos 12 meses, Gusmão e a equipe ainda pretendem realizar eventos. “Gostaríamo­s, por exemplo, de promover uma prova automobilí­stica com carros antigos no Autódromo de Interlagos, se possível no aniversári­o de São Paulo, em 25 de janeiro.” Também prevê uma exposição, ainda sem local ou data, com 110 veículos – um representa­ndo cada ano de 1907 até agora.

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FELIPE RAU/ESTADÃO História. Festa ainda pode incluir evento em Interlagos

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