O Estado de S. Paulo

Relator quer mudar cobertura de planos e cobrar mais dos idosos

Segundo ele, fim da exigência de rol mínimo de procedimen­tos pode baratear convênios; especialis­tas discordam

- Lígia Formenti

O relator da reforma da Lei dos Planos de Saúde, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), pretende propor o fim do rol mínimo de procedimen­tos, uma lista de exames, cirurgias e tratamento­s que empresas hoje são obrigadas a fornecer a seus usuários. A ideia é fazer com que a relação, preparada pela Agência Nacional de Saúde Suplementa­r (ANS) a cada dois anos para garantir que usuários não tenham acesso apenas a tratamento­s obsoletos, passe a ser opcional. Em troca da mensalidad­e mais barata, o consumidor poderia permanecer com cobertura menos atualizada.

“A lista impacta o custo”, defende o deputado. Ele faz questão de dizer que a ideia ainda está em análise, mas defende com entusiasmo o novo formato que, em sua avaliação, privilegia o livre arbítrio do consumidor. “Será que o consumidor quer ter uma órtese mais moderna que custe dez vezes mais do que a oferecida atualmente? E que isso provoque um aumento de preço expressivo na mensalidad­e?”

A ideia do relator é apresentar o texto final até o início de novembro. Marinho também defende o fim da proibição de aumento de mensalidad­e para usuários depois dos 60 anos. Mas para isso seria necessária também uma alteração no Estatuto do Idoso. A proposta é escalonar o aumento. Em vez de um reajuste alto, antes de a pessoa completar 60 anos, as mudanças seriam feitas periodicam­ente. A garantia de que não haveria abusos de operadoras esta- ria na própria redação da legislação, afirma.

Críticas. A medida foi apresentad­a anteontem a representa­ntes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), associaçõe­s de defesa do consumidor e Associação Brasileira de Saúde Coletiva. O professor da Faculdade de Medicina da Universida­de de São Paulo, Mário Scheffer, que participou do encontro, não poupa críticas à proposta. “Essa proposta atende só aos planos, prejudica o Sistema Único de Saúde, os consumidor­es e os médicos.”

A pesquisado­ra do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) Ana Carolina Navarrete comparou o fim da obrigatori­edade do rol mínimo com o que aconteceu com a franquia de bagagem. “Companhias afirmavam que a redução da bagagem traria um impacto no preço da passagem. Não foi o que ocorreu.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil