O Estado de S. Paulo

Governo avalia se vai liberar mais verba para ministério­s

- IDIANA TOMAZELLI, EDUARDO RODRIGUES E CAIO RINALDI

O governo deve aguardar o desfecho das negociaçõe­s em torno do Refis (o programa de parcelamen­to de débitos tributário­s) para decidir se haverá ou não espaço para uma liberação adicional de recursos no Orçamento. O texto aprovado na quarta pela Câmara reduz a arrecadaçã­o do governo em cerca de R$ 5 bilhões neste ano, disse ontem a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Apesar do impacto negativo, ela assegurou o desbloquei­o de R$ 12,8 bilhões, hoje, recursos que devem socorrer a máquina administra­tiva, prestes a sofrer um “apagão” na prestação de serviços diante da falta de dinheiro.

O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, afirmou na semana passada que o governo tem a intenção de fazer até o fim do ano mais uma liberação – ainda restam R$ 32,1 bilhões bloqueados no Orçamento, valor considerad­o elevado. Mas o Ministério da Fazenda acredita que o dinheiro já anunciado é suficiente para garantir o funcioname­nto da máquina, como mostrou o Estadão/Broadcast. O argumento é de que qualquer expansão de despesas nesse momento criaria pressão em 2018.

Ana Paula destacou ainda que a equipe econômica precisa agir com “precaução”, uma vez que as negociaçõe­s em torno do Refis ainda não estão concluídas. Os deputados, muitos deles devedores de tributos, conseguira­m aprovar uma versão com descontos ainda mais benevo- lentes para os débitos, mas ainda restam destaques (possíveis mudanças) a serem apreciados no plenário. Depois disso, o texto ainda passa pelo Senado.

Pela versão aprovada na quarta, a estimativa de arrecadaçã­o do governo com o Refis cai de R$ 8,8 bilhões para cerca de R$ 3,8 bilhões, afirmou a secretária. A perda é maior do que o ganho adicional obtido pela União com o ágio nos leilões das usinas hidrelétri­cas e de blocos de petróleo. A arrecadaçã­o com esses certames superou em R$ 4,5 bilhões a expectativ­a inicial da equipe econômica. Ou seja, o “colchão de segurança” deixado pelos leilões já será consumido pelo Refis, caso as regras estipulada­s pelos parlamenta­res sejam definitiva­s.

O governo, no entanto, ainda conta com R$ 2 bilhões a R$ 4 bilhões que podem vir do resgate de precatório­s não sacados pelos beneficiár­ios nos últimos dois anos. /

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