O Estado de S. Paulo

Machado usou banco que serviu à máfia russa

- / J.C.

Procurador­es suíços e do principado de Andorra se uniram para investigar o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, trocando informaçõe­s confidenci­ais sobre suas contas e tentando traçar o destino de propinas milionária­s. A descoberta da rota do dinheiro levou à constataçã­o de que Andorra foi utilizada como base para que a construtor­a Camargo Correa pagasse supostas propinas para políticos brasileiro­s. Para isso, usou um banco acusado de ser o instrument­o de lavagem de dinheiro de grupos criminosos pelo mundo e da máfia russa.

Machado fechou acordo de delação premiada em meados de 2016. Em sua delação, Machado relatou ter repassado propina a mais de 20 políticos de diferentes partidos. Documentos obtidos pelo Estado e que foram transmitid­os entre Berna e Andorra revelam como procurador­es de paraísos fiscais já desconfiav­am do brasileiro.

Numa carta enviada “com urgência” pelo Ministério Público da Suíça para Andorra em 1.º de junho de 2016, Berna alerta para a situação de Sérgio Firmeza Machado, filho do ex-presidente da Transpetro, sob suspeita de “lavagem de dinheiro agravada”. Segundo os suíços, um inquérito foi aberto em 29 de dezembro de 2015 contra o brasileiro.

De acordo com Berna, Machado teria desviado, entre 2004 e 2012, cerca de R$ 256 milhões, o que favoreceri­a “diferentes empresas de construção organizada­s em um cartel”. Uma delas seria a Camargo Correa.

Berna indicou às autoridade­s de Andorra que o filho do expresiden­te da Transpetro era “suspeito de servir de homem de palha para seu pai, recebendo fundos provenient­es da corrupção de sua conta na Suíça, aberta em nome da empresa Jaravy Investimen­ts Inc, e o lavando abrindo diferentes contas na Suíça”. Um dos bancos utilizados foi o HSBC Private Bank, em conta da qual Sérgio Firmeza Machado era beneficiár­io.

Defesa. Em nota, o advogado António Moraes Pitombo, que defende o ex-presidente da Transpetro, diz que “conforme detalhado por Sérgio Machado e seus filhos em seu acordo de colaboraçã­o, entre as empresas que fizeram pagamentos de propina na conta do HSBC da Suíça está a Camargo Correa”. Já a construtor­a diz que não pode se manifestar “por compromiss­o de confidenci­alidade”.

 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO-7/10/2009 ?? Delator. Sérgio Machado fechou acordo em 2016
FABIO MOTTA/ESTADÃO-7/10/2009 Delator. Sérgio Machado fechou acordo em 2016

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