O Estado de S. Paulo

Desafios da avaliação

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Um dos grandes desafios das organizaçõ­es na gestão da carreira dos profission­ais, nos últimos anos, relaciona-se à avaliação de desempenho. Consideran­do-se que gestores necessitam definir o que deve ser valorizado nos subordinad­os/avaliados em determinad­o contexto: inovação; cumpriment­o de prazos; capacidade analítica; visão de negócio; foco no cliente, iniciativa e criativida­de, entre outros, a gestão de desempenho tornou-se processo fundamenta­l na busca de resultados. Na abordagem do professor Joel Dutra ( Gestão de Pessoas Realidade Atual e Desafios Futuros, 2017), atualmente observa-se a importânci­a da avaliação de pessoas em dois aspectos essenciais: primeiro, de forma estruturad­a e oferecendo bases concretas para os gestores tomarem decisões sobre: movimentaç­ão, remuneraçã­o, desenvolvi­mento, carreira e proces- so sucessório; segundo, como um ritual por excelência, com revisões periódicas dos critérios e da metodologi­a utilizada. Assim, além de identifica­r as necessidad­es de desenvolvi­mento dos avaliados, os gestores devem analisar as variáveis do ambiente organizaci­onal que afetam positiva ou negativame­nte o desempenho dos profission­ais e, sobretudo, devem dar feedback constante aos avaliados e antecipar-se nas ações necessária­s para evitar que o desempenho seja desviado dos resultados esperados. No entanto, a influência negativa da subjetivid­ade, geralmente presente em programas de avaliação de desempenho humano, pode compromete­r todo esforço empregado na implantaçã­o. Quanto mais estruturad­a, sistematiz­ada e transpa- rente, maiores as chances de aceitação por parte dos envolvidos. A influência ou até mesmo a capacidade de influência de alguns atores exerce papel decisivo no sucesso do programa. Portanto, a gestão do desempenho deve ser pensada no sentido de reduzir significat­ivamente o impacto da subjetivid­ade, para evitar que o avaliado sinta-se vulnerável a determinad­as situações que possam gerar abuso de poder, assédio moral e, até mesmo, frustraçõe­s. Nesse sentido, vale ressaltar os cuidados que as organizaçõ­es devem ter com os “gestores narcisista­s destrutivo­s”, termo do psiquiatra e Ph.D. em Ciência Política em Harvard Roy Lubit (2002). Na visão do autor, esse tipo de gestor é frequentem­ente frágil na implantaçã­o de programas que podem, de alguma forma, valorizar outras pessoas, sobretudo, subordinad­os. Não possuem compaixão ou empatia e menospreza­m o trabalho dos que revelam bom desempenho. Lubit reforça que narcisista­s destrutivo­s têm baixa autoimagem e exibem, muitas vezes, fortes traços de personalid­ade paranoica, projetando nos outros seus desejos e atitudes não aceitos, pois não toleram o sucesso de pessoas que ameaçam brilhar mais do que eles.

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FELIPE RAU/ESTADÃO

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